terça-feira, janeiro 01, 2008

Meu anjo: Morena.

- Feliz 2008.

Aproveitei a hora da virada pra fazer a aproximação perfeita. Casual e extremamente próximo, um feliz ano novo seguido de um abraço pode significar muitas coisas, só deixar a imaginação voar.
Abracei forte, numa ação terna. Ela me veio com um abraço sem graça, nada demorado. Queria cumprir a formalidade festiva.

- E aí? o que fazemos agora?
- Não sei de você, mas tenho que ir até alí ficar com meu namorado e...
- Ahh...Mentira, você não tem namorado.
- O que garoto?
- Sim, você não tem namorado. Te observo desde que chegou na praia...Você é muito linda, sabia? Tem um olhar diferente...
- Obrigada, mas tenho que voltar.
- Não tenha medo. Eu só queria te dar um "feliz ano novo" mesmo. Não tenho a mínima chance contigo. Vi o Playboyzinho que te cercava a noite toda...Você meio que relutava; mais cedo ou mais tarde vai acabar ficando com ele. Só queria ouvir sua voz para ter certeza mesmo...
- Certeza? Ouvir minha voz? Você é maluco, garoto? Olha, tchau...
- Certeza de que consigo mesmo falar a língua dos anjos. Me leva para luz, meu anjo.
- Agora sou seu anjo...Olha, agora é sério, não queria ser indelicada, mas vou ter que sair. Tchau.
- Do jeito que ficou vermelha deu pra perceber que nunca te chamaram de anjo.
- Por um maluco, não.
- Deus...você tem resposta para tudo heim? Nervosinha e respondona. Áries.
- Libriana...E olha, essa de advinhar o signo é cantada velha. Já chega, tá ficando tarde. Não quero ficar meu 2008 com um doido que nem você. Tchau.
- E filme? Deixa eu advinhar seu filme favorito..."Velozes e Furiosos."
- Eu tenho cara de quem gosta de carrro, garoto?
- É, você não se importa muito com grana não. Do contrário ficaria rapidinho com o Playboy.
- Playb...nem conhece e já vai julgando?
- Não, não...eu só queria te conhecer. Tem senso de justiça e é muito paciente, é educada mas sabe ser firme, é inteligente mas não tem a necessidade de afirmar isso a todo o momento, é libriana, signo perfeito para quem é de aquário...Prazer, sou Luan, o aquariano.
Ela riu, virou as costas e foi para a mesa onde estava toda sua família. todos de branco, inclusive ela. Todos ainda brindavam o 2008 e nem perceberam a falta da moça.
- Qual o seu nome, anjo?
Gritei umas 2 ou 3 vezes. Sem resposta. Quando estava uns 100 metros da sua mesa, corri até ela. Parei em sua frente. Uma boa distância. Via seu corpo inteiro, mas me interessava apenas os olhos e a voz, é claro.
- Qual seu nome, anjo?
- Não te interessa.
- Olha, na verdade me interessa sim...Corri muito só para ouvir ele.
Sorriu mais uma vez.
- Pra que você quer saber?
- Preu te chamar quando estiver rezando. Olha, tem o anjo Gabriel...Aí, todos os anjos tem nome. Eu só quero saber o seu.
- Morena.
Que nome lindo. Morena...Nem precisa de apelido. O nome é puro, completo. É gostoso até de falar.
- Que nome lindo.
Nem ouviu direito o elogio e foi para a sua mesa cumprimentar seus familiares, ou companheiros...Sei lá...As pessoas que estavam com ela. Mas que nome lindo. Não tirava isso da minha cabeça. Meu anjo Morena.

- Feliz ano novo.
- Feliz ano novo!!!
Bêbado, o velhote me respondia.

Fui cumprimentando a todos na mesa. Todos felizes com a chegada de um novo ano. Em outra época a chegada de um estranho num ambiente particular seria estranho, mas hoje tudo é permitido.
Morena me lançou um olhar mortifero. Antes que eu saisse dos braços do velhote, ela foi me puxando de lado. Nervosa a moça.
- O que você faz aqui? - Falou baixinho, sussurando. Não queria que as pessoas da mesa ouvissem.
- Ainda não entendeu?
- Entender o que?
- Eu quero você, Morena.
- Morena, é seu amigo? - O velhote falou com a voz meio trêmula; a cachaça é poderosa, amigos. Muda a atitude, o carater, com o simpático coroa mudou a firmeza da voz.
- Não pai, conheci ele na praia.
- Então fique conosco...É ano novo. - Em minha direção o senhor levanta a taça.
- Não quero atrapalhar Senhor, vejo que a festa é familiar...Vou saindo. Feliz ano novo para todos.
- Fique - O velho insistia.
- Você quer que eu fique, Morena? - Falei sorrindo. Adoro provocar.
- Não. - Foi direta a moça.
- Sim, você vai ficar. - Deu o ultimato, o coroa, derramando um pouco do vinho da taça. E depois emendou:
- Meu rapaz, se acostume. Para a Morena, um "não" sempre é um "sim".
- Pai!!!!!! - Agora, ela sorriu...por um momento me olhou e sorriu. Grande velho.
- Qual é seu nome, meu jovem? - Indagou o senhor me abraçando...A bebida deve ter o deixado por demais emotivo.
- Luan, pai. - Dessa vez ela olhou para mim sem medo algum e sorriu. Foi um sinal. Um sorriso lindo.


Perfeito 2008

terça-feira, dezembro 18, 2007

Poesia Feminina

Todas as atenções voltadas ao espetáculo.
Meu olhar fixo para o personagem principal.
Aquele molejo único que só as rainhas do samba possuem; sem esforço, sem dificuldades, apenas passos perfeitos.
Todo o mundo voltado ao espetáculo, para a brincadeira entre as pessoas felizes; eu? concentrado em sua malícia, em sua magia no rebolar, em executar os movimentos ritimados impossíveis para os turistas estrangeiros. Tudo parecia tão fácil para ela...
Queria participar daquele ritual à boa dança, à brincadeira, ao sexo...mas não podia...estragararia tudo. Seu espetáculo era solo e assim deixei-o ser.
Pensamentos maldosos fervilhavam em minha cabeça e você continuava sambando alheia a tudo, esquecendo os lobos que te olhavam, as invejosas que a invejavam, a tudo que te mirava, como se apenas só você existisse; meu mundo também parou naquele momento.
Como pode, Meu Deus, num samba inocente, uma mulher mostra toda sua sensualidade...sem esforço, sem malabarismo, sem nada...apenas com o rebolar singelo do próprio corpo?


Não era samba, meu filho...era só poesia - me ouso a imaginar a resposta de Deus.



É...era tudo uma grande, linda e saracotear poesia.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Era uma vez o bit que se transformou em voz

Eu nem sei, viu...
Mas, aquele olhar me disse alguma coisa.
Detesto clichês em textos, mas esse aqui não é apenas um artifício para dispertar simpatia ou riso no leitor; seu olhar é verdadeiramente forte é tão lindo como tinha visto em fotos. Inacreditável tudo isso...


Estava meio nervosa...sorrindo muito. Talvez tivesse um dia feliz ou tenha sentido o mesmo que eu...uma surpresa tremenda em acreditar que somos reais, não por duvidarmos um dia, mas simplesmente por ver que toda aquela magia presente em nossas conversas distantes e virtuais existia de fato.

Eu adorava seu sorriso...uma manifestação sinsera do seu nervosismo. Não sabia onde por a mão, nem o pé que não parava por um segundo...e nem os olhos que corriam sempre todo o meu corpo...só paravam quando eu a olhava...tentava disfarçar, coitada. Eu não a culpo...também tentei disfarçar o interesse automático que tive por ela...não por ser linda...sim, era linda...e a beleza me envolvia como suas palavras, como seu sorriso, como o pé nunca parado...como tudo que emanava dela.

Meu Deus, era linda...linda demais. E mesmo aquele clima e mesmo meu grande interesse, sentia que faltava algo...a magia estava no ar, mas temia eu que estivesse apenas em meus olhos, o movimento das pernas seria algo normal, ação involuntária de alguém entediado...e seus sorrisos...não sei; quem sabe uma simpatia natural que só as mulheres lindas tem. Estou confuso...não sei bem o que pensar...mas, sei lá...aquele olhar...talvez, num segundo, ele me disse alguma coisa.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Oração dos desesperados

Eu só queria saber meu Deus, se falta tão pouco pra essa nossa vida acabar, porque nela inclui tanto sofrimento. Porque tanta inveja, desamor, diferença.
Eu só queria saber se tu es mais misericordioso que justo ou o inverso. Aposto que é mais um tudo, porém não esquece da justiça; nossos problemas nascem pelo desamor alheio, parecendo sempre uma corrente infinita de uma mensagem dolorosa e marcante.
Eu só queria ter tempo para descansar e pensar em minha vida; observar as pessoas sem preconceitos, ver as coisas em sua plena simplicidade. Queria também ter um pouco mais de felicidade nessa minha vida, que a cada minuto parando, refletindo sobre ela, sinto apenas dor e um desconforto...algo como a solidão.
Não sei se esse é o problema de todos, mas, Deus, por favor, diminua os medos internos de cada um. Acho que assim elas serão mais felizes, acho que assim eu serei mais feliz. Diminui, Deus, por sua eterna justiça e misericordia, meu medo de ficar sozinho.

terça-feira, outubro 02, 2007

Coincidências

Sentado, olhando para o vazio pensando em minha vida, no que tinha feito de bom, de ruim, nada de mais. Mas, sei lá...alguma coisa me dizia que o dia não seria tão simples assim, mesmo assim fingia não ouvir meus instintos e continuava com meus pensamentos mornos. Ter nada pra fazer é uma maravilha.
Recebi um estalo divino...seguida de várias outras garotas, ela estava. Quase que desfilando por aquela parte do shopping. Parecia também não ter nada pra fazer, apenas conversar com as amigas, dar risada das pessoas estranhas, ser paquerada, fazer coisas de mulher. Mas, naquele dia, ela estava mais linda do que o habitual, tinha a pele mais bronzeada, estava com o sorriso mais largo...não sei ao certo, mas estava mais bonita.
Ela praticamente me seguia. Eu a via em todos os lugares possíveis e impossíveis. Do ponto de ônibus onde vou todos os dias, até o estádio de futebol; alí estava a moça...acompanhada ou não, mas estava lá...sempre a minha vista.
Seria coisa do destino por essa mulher em minha vida, meu Deus? não é possível tantas coincidências com 2 pessoas. Só podia ser isso. Um chamado do destino.
Ela também sempre me via. Retornava meus olhares de forma ligeira, como toda mulher. As vezes para me divertir, fingia que tirava as vistas dela e nessa fração de segundo que ela tentava me olhar, eu voltava meu rosto à posição inicial...nossos olhares se encontravam, mas não se ouvia uma palavra...era estranho e engraçado...ela sempre ficava vermelha. Foi nessa hora que sorri. Mesmo eu imerso em meus pensamentos, parecia um convite. "Garota, eu não estava olhando para você...estava fixado num ponto no infinito...sorri pra ele...vc apareceu na frente por acaso"; essa era a explicação real, que logo sumiu quando ela retornou o sorriso. Me arrepiei todo, não sei nem porque. Acho que por ela ser tão linda ou por ter me respondido ou sei lá...ela teria a mesma curiosidade que eu: "quem será essa pessoas que tanto encontro pelas ruas?"
Agora suas amigas já tinham sumido. Foram hipnotizadas por uma vitrine e ela, com seu olhar ligeiro, me olhava, sozinha num desses bancos de Shopping.
Sorri novamente, agora tentando realmente a comunicação. Ela respondeu novamente com um sorriso. Me levantei e fui até a moça. Fingi uma careta daquelas "eu te conheço de algum lugar". Ela me imitando, fez também. Acabamos rindos juntos.
- Oi.
- Oi...
- Pô...você não vai acreditar, mas por todo o lugar que vou, acabo vendo você.
- Eu ia dizer o mesmo agora...
- Até no estádio eu te achei, menina...
- É...eu me lembro de ter visto você lá.
- Então...eu tava alí pensando que deve ter uma explicação pra tudo isso. O destino talvez...
- É...ou então meu namorado gosta de frequentar os mesmos lugares que você...

(aquilo me acertou como uma flecha...eu não estava apaixonado por ela, mas só de pensar que minha investida foi em vão, me deu calafrios)

- Mas, isso se eu tivesse namorado...então, os lugares que gosto de frequentar são os mesmos que os seus.

Ela acabou sua frase com um sorriso matador. Impressionante com as mulheres tem esse poder do sarcasmo nos piores momentos possíveis. Uma garota inteligente e engraçada. Interessante...


- Sim, mas me fala, "preu" não te seguir mais: podemos conversar aqui mesmo?
- Mas, já estamos conversando, meu querido.
(outra...essa foi no queixo)
- "Meu querido"?
- Sim, meu querido...não posso te chamar assim não?
- Claro...claro que pode, mas antes me diz seu nome.
- Luciana.
- Prazer Luciana... Thiago.
- Prazer.
- Me diga, Luh, você gosta de conquistar ou ser conquistada?

(já falei alguma vez que minhas cantadas são horríveis?)

- Depende...
- Depende de que?
- Do tempo que o homem, tentado a me conquistar, está me seguindo...



Depois dessa não precisei falar mais nada; ela gosta mesmo é de conquistar.