quarta-feira, junho 28, 2006

A ultima carta

Me desculpem.

Eu não queria demorar tanto a escrever.
Sei que isso tudo é entretenimento e não declarações pessoais mascaradas em personagens fictícios, onde cada um determina uma faceta da minha personalidade.
Não, posso deixar vocês na mão, posso?

Então vamos ao show.

Vamos ao prazer das declarações delirantes, aos choros soluçantes, aos arquétipos de amor perfeito que estão guardados em nosso subconsciente. Vamos relembrar todos os nossos sonhos perdidos e desejos não realizados. Olhares não trocados, declarações não feitas. Tudo de mais maravilhoso que guardamos para aquela pessoa em especial e não compartilhamos.Tudo de bom que se transformou em dor.

Alguns dizem que as decepções ao longo de nossas vidas são benéficas, pois só assim criamos experiência. Então que eu seja inexperiente por toda a minha vida.

Cansei de chorar, canse de sorrir aquele sorriso falso, amarelo; o sorriso "cordial", expressando a alegria que não tenho. Cansei de tudo.

Só não cansei de você.

Por isso, te escrevo agora...

Sei que essa minha ultima carta será mais uma dentre dezenas que você mantém guardada em seu quarto dos seus admiradores, dos teus seguidores, dos indefesos que não tiveram tempo de esquivar do seu arrebatador olhar, dos homens que, igual a mim, só escrevem porque cansaram de olhar pra ti e não falaram nada...

Já cansei de te desejar. Aliás, não quero mais ter você. Quero apenas que encarem a carta com respeito. Lembrem que são apenas declarações de um homem que pela primeira vez se viu apaixonado, desesperado e mandou uma mensagem, porque não tinha coragem de te olhar nos olhos e dizer que te ama.




Ps.: Em alguns momentos, a carta está no plural. A explicação é bem simples: tenho certeza que futuramente você a mostrará para suas amigas. Será o seu trofeu, uma prova ridícula para a sua auto-afirmação, um momento mínimo que servira para sentir-se feliz; mais uma cabeça de um homem abatido.



Leonardo, 26 anos