quinta-feira, novembro 16, 2006

Irresponsáveis palavras mudando destinos - o todo (quarta parte)

Não ouvia mais nada.

Estava com tanta raiva de tudo que fiquei surda.

Queria sumir naquela hora. Tudo sempre dava errado pra mim...sempre dá errado.

Aquele bilhete...


Meu desejo...


Mas...naum sei...

Meus pensamentos todos embaralhados, não conseguia raciocinar...

Apenas pensava na minha falta de amor.


Porque isso acontecia comigo?

Sou bonita, inteligente, agradável...

Mas, porque ninguém se apaixona por mim? O que tenho de errado?

Existem uns carinhas que gostam de mim, mas...eles se interessam apenas pela minha carinha de anjo...nunca quiseram me conhecer realmente. Nunca...nunca...

Será que a culpa é minha mesmo?

Os homens que não sabem valorizar a verdadeira mulher...uma que tenha opinião, independente...de atitude...

Atitude...(riso maroto- irônico) sempre amei o professor e nunca tinha dito uma única palavra.
Me apaixonei também pelo Danilo...mas, ele me odeia...naum sei porque. Nunca fiz mal a ele...

Engraçado, ele veio me procurar...estava chorando...ou está...naum sei...mergulhei em meus pensamentos.


Do que vale a vida sem amor?
Não amo ninguém...ninguém me faz amar.

Todos me querem, mas ninguém me ama. Mas, como eu sei? não conheci todos os amores. E nem é possível conhecer. Não é possível achar em milhões alguém que goste de mim. Poderia ter me contentado com os caras mais legais que tive. Não sentiam nada forte por mim, mas me queriam por perto. Poderia ter nascido algo de verdadeiro.


O vento está mais forte...

É uma dor profunda a de não ser amada. Acordar todos os dias e ninguém olhar em meus olhos...
Nunca dei espaço para ninguém...sempre fui aspera...meio metida... para, aquele que suportasse meus caprichos fosse o cara certo.

Ria comigo mesmo... a "independente" esperando o príncipe encantado. Engraçado.

Tudo tão trágico, mas ainda conseguia sorrir.

Eu não quero mais viver assim...não mereço viver assim.



Agora abro os braços...o vento fica ainda mais forte.



Pior que isso não existe. Estou vivendo meu próprio inferno.
Acordando todas as manhãs chorando. Vivendo minha vida esperando que pudesse ser feliz. Vivendo minhas ilusões com toda a vontade...rezando para que a realidade não me pegasse desprevinida...naum quero mais saber...não quero mais chorar...não quero mais procurar o amor. Minha caçada acaba aqui. Não quero mais. Nunca mais. Nunca...

Mas, aquele bilhete era meu desejo...era só meu...não o escrevi, mas queria ter escrito...

O Arnaldinho zombou do meu amor. O Danilo nunca o quis.

Não quero mais tentar amar... nasci somente para amar?


Meu corpo inclina para trás...

Pensamentos todos embaralhados...quero gritar...quero que todos ouçam...quero que a cidade barulhenta pare ao som da minha voz...

Mas, como posso eu minimizar tanto o valor da minha vida na procura da paixão? há outros interesses...
Por mais que feche os olhos, essa dor não me larga...a dor de estar sozinha.

Como eu queria ser insensível...

Como eu queria continuar a minha vida como nada tivesse acontecido.

Desistir da minha vida? Porque? nada disso vale.


Volto a ouvir os gritos...


É...nada disso vale...


Escolherei viver...enfrentarei tudo sozinha...

Minha dor não passará. Tenho certeza.

Então, fiz a escolha certa...

O vento bate cada vez mais forte...vejo agora o chão bem mais próximo do meu rosto.
Espero que a dor da queda não me faça sofrer muito antes da minha morte.

Tomara que a morte faça calar os gritos do desamor dentro de mim.

Tomara que exista a reencarnação...na próxima vida terei uma chance de não viver sozinha.


Tomara que depois da morte exista amor...


Tomara.







Rita, 18 anos.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Irresponsáveis palavras destruindo corações e mentes - três (3/4) quartos.

Oxe...

Ki viagem...o professor da espaço pra menina falar e ela fica aí...calada olhado pra ele. Deve ser mais uma daquelas que se apaixona pelo mentor, coitadinha.
Os professores seguem o mesmo roteiro de sempre: Seduz, induz, vai de carro ou de buzz, no final a mina grita "Jesus, Jesus". É...o trocadilho é horrível.
- "Sim, Cabeção, me diz: e se for o contrário? O homem na "noia" de achar a mulher ideal, acaba menosprezando a que está do seu lado, que no final, é seu grande amor. Vai ficar chorando?"
Cabeça olhou pra mim e sorrio. Era essa pergunta que ele queria. Começou a discursar, fazer caras e bocas, apontar pro teto da sala...o show que todo professor que se acha dono da verdade faz.
- "Viadagem da porra essa aula". Falei baixo, mas aquela frasezinha que é baixo o bastante pro professor não ouvir e alto o bastante pra a sala toda dar risada.
Enquanto todos riam, voltei meu olhar a Rita. Tava com uma cara meio assustada, olhando para todos os lados tentando perceber alguém que a estava sacando. Era mesmo linda. Me percebeu. Retribuiu meu olhar com uma cara agressiva, afinal a interrompi. Sempre faço isso. Patizinha fesca. Mas, dessa vez, eu a salvei dela mesma. Será que ela é inteligente demais pra perceber? Não...o V3 DG ainda não veio com o assessório cérebro. Mandei um beijo pra ela e dei uma piscadinha. Éramos quase que inimigos. Nada pessoal, só gosto de provocar as pessoas. Ver elas nervosas quando não possuem mais argumentos. E quando se tem uma menininha mimada como "oponente" é mais divertido, porque ta acostumada a nunca ser contrariada. Seu descontrole é normal.
A garota me xingou do outro lado da sala. Um daqueles palavrões que de vez em quando a mulher fala, mas quando ouve fica horrorizada. É... ela é inteligente afinal, falou em um volume que toda sala ouviu, menos o professor. Também, Cabeça tava tão concentrado em seu discurso que nem ouve mais nada.
Cabeção... apelido das antigas do Arnaldo. Do tempo de moleque. Éramos vizinhos. Não haviam pessoas de minha idade lá no prédio, então acabei andando com a galera dele. Fui admitido rápido. Sempre fui ousado e era o engraçadinho da turma. Aí foi fácil. Os caras, quando não tinham nada pra fazer gostavam de me ouvir. E era estranho, tipo, eu era o mais novo... mas, também ficava na minha, não era desses caras abestalhados não.
Da galera, o cabeça era o que mais estudava. Viajava na onda mesmo. Queria ser dentista. Está cursando não sei qual semestre de odonto. Mesmo sendo broder e tal, é uma sensação estranha ser seu aluno. Tipo, eu sinto como se tivesse parado no tempo, sei lá. Mas, esses pensamentos não demoram muito na minha cabeça. Tem a festa da sexta (só alunos do cursinho) que é mais importante. Porra. Agora que eu fiz o link. Será que ele ta jogando esse papo de todos serem possíveis amantes pra ver se as minas dão mais mole na festa? Cabeça é um pilantra mesmo. Não vai mudar nunca.
Opa...mandaram um bilhetinho pro Arnaldo. Que viagem...as pessoas não tem coragem de perguntar pessoalmente e mandam o bilhetinho. Ele ia pondo o papelzinho dobrado discretamente no bolso, mas a galera se manifestou na hora gritando. Ele próprio instituiu a norma de que todos os bilhetes mandados seriam lidos.

-"Cala a boca... quero ouvir." - falei pro povo atrás de mim que não parava de conversar. Eles tavam com um sorriso nos lábios meio estranho, mas esses caras dão risada de tudo. Deve ser mais uma besteira.

- "Fala logo, Arnaldo" - gritou outro. Deu pra sentir que o bilhete não era uma pergunta. Deveria ser uma piada ou uma cantada qualquer. Na boa, eu queria viajar o Brasil todo pra saber se em todo lugar é assim mesmo ou se o foco é só aki em Salvador. O povo só pensa em sexo. Deus é mais.

(Quem vê até acredita que eu me incomodo. Eu quero é mais!)

- "Vou falar." - Cabeça curtindo com a galera. Dando mais um tempo pro povo ficar na expectativa. Acho que todos já esqueceram que estão em sala de aula.

- "É uma cartinha muito carinhosa...pronto, pronto...vou falar..." - se prepara o Cabeça - "ouvindo tudo o que você falou professor, me deu uma grande coragem. "Apenas faça"...essa é a sua frase, não é? Então eu farei. Uma atitude que era para ser tomada a muito tempo atrás e só agora eu faço. Quero você, Arnaldinho. Se não pode ser agora, pelo menos, me dê um beijo. Quero que seja aí no tablado, para que todos vejam a força do nosso amor. Rita."

A sala toda deu um gritinho...todos queriam ver o beijo. Os caras atrás de mim tavam chorando de rir. Algumas pessoas surpresas, outras ainda procuravam quem era Rita. Ela estava lá...paralisada...sem saber o que fazer...na certa se arrependeu do que tinha ocorrido. Eu continuava olhando pra ela não acreditando no que tinha feito. Ela ainda paralisada, com um sorriso congelado de nervoso.

-"Pode vir, Ritinha, eu não mordo não. Você quer um beijinho, né... será com carinho." - Arnaldo mostrando seu lado verdadeiro. Sendo o cafajeste de sempre. Fazendo a menina passar vergonha naquele circo. Agora o povo já gritava o velho coro "Beija, beija..."
-"Pode vir..." - Depois dessa frase, os caras atrás de mim começaram a gargalhar. A sala estava aos gritos. Quem não ria, estava gritando o "Beija, beija..."

Rita, ainda muda, começou a chorar... não sabia o que fazer. Eu também não. Não achava graça, só sentia pena... dava pra sacar que ela era afim do Arnaldo...


-"Foi você, não foi?" - ela falou baixinho olhando pra mim...
- "Foi você, não foi?" - em um tom mais moderado... já se levantando da cadeira. Eu ri de nervoso... nunca tinha visto a mina daquele jeito.

Agora ela corre, se esbarra entre as cadeiras da sala... estava com a cabeça baixa, não queria demonstrar que tava chorando, mas era inútil. Saiu da sala chamando atenção pela zoada e pelos soluços.

"É meu efeito Axe" - Cabeça na sua cartada final... todos gargalharam...menos eu. Que filho da puta!
Acabei saindo da sala pra ver onde estava Rita. Procurei nas salas, não achei...entrei no banheiro masculino, feminino...nada...

Fui pro ultimo andar... lá tem espaço de descanso para os alunos...ela podia estar lá chorando, coitada. Subi rápido as escadas.


- "Foi você, não foi?" - era Rita, de frente pra mim... em pé sobre o para-peito...são 6 andares..se ela cair...Jesus...

- "Rita, pelo amor d Deus...desce..." - Engoli seco.

-"Foi você...assuma" - gritou. Estava desesperada... não sabia mais o que fazer...

Senti raiva do Cabeça, de todas as brincadeiras, da forma que eu a tratava...de tudo...de todos...


-"Rita, desce..." - falei quase chorando.




Continua...





Danilo, 22 anos.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Irresponsáveis palavras dominando corações e mentes - segunda das quatro partes

.
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"Nossa".

Era o que falava enquanto ouvia aquilo tudo.
Tipo, o professor falou coisas que eu nunca tinha imaginado.
Sempre fazia as escolhas dos parceiros por algum motivo nem sempre especial. Preferia os mais cheirosos ou os que fossem mais criativos na conquista ou ainda aqueles que tinham um charme. Adoro homens charmosos. O sorriso contido, a fala na hora exata, todo aquele jogo de sedução...ai...me deixava tonta...
Não sei qual dessas qualidades me atraio para o professor. Só sei que foi de uma vez.
Estava atenta ao que dizia.
Seria tudo aquilo uma indireta pra mim?
Enquanto ele fala, de vez em quando, percebia uma olhadela e um sorrisinho pra mim.
É uma indireta, tenho certeza.
Esse papo meloso de amor do nada, logo no início da aula de redação, sei não...
Sempre rola uma reflexão do assunto que vamos tratar antes de fazer qualquer texto, mas esse dia tô achando que é tudo pessoal demais. Mexe muito com as pessoas. E comigo também.
Será que estou imaginando coisas?
Ele também olha para outras meninas da sala e sorri. Mas, o meu sorriso é especial. Eu sinto isso. A Paty me falou que também acha os olhares do Arnaldino pra mim meio estranhos. Eu diria mais que estranhos. Especiais.
"Como assim você não acredita no amor?" - minha pergunta quase que automática. O homem me vem com um papo todo meloso e depois diz que não acredita no amor? ele quer enganar quem? - "Tá, eu acredito no amor..." - respondeu ele desabafando, quase de uma forma irônica. A sala toda riu. Também ri, mas de aliviada. Acabei ficando tensa quando ele fez aquela declaração. Meu par não acredita no amor? não existe isso. - "Mas não como antes" - Arnaldinho completa sua frase. Aquilo me deixou em dúvida. Como um homem que fala sempre das loucuras que devem ser feitas pelo amor, não acreditar nele? Será que ele teve uma grande desilusão? qual mulher fez aquilo? com quantos anos ele teve essa desilusão? perguntas que não cabiam ser feitas naquele momento, mas um dia eu as faria. Naquela hora só queria por meu professorzinho no meu colo e ouvi-lo falar. Falar sobre tudo o que ele quisesse. Era lindo, inteligente e charmoso. Tem combinação melhor? ter, tem, mas ele não era rico.
Deixei de viajar nas minhas próprias loucuras e comecei a pensar no que Arnaldo falava. Ele prega a real possibilidades entre todas as pessoas ou melhor a dúvida entre qual será a nossa verdadeira alma gêmea. Mas, como pode fazer isso se todos são possíveis parceiros? Nessa sala de cursinho há dezenas de homens, mas como vou saber quem é o homem da minha vida? vou sair "piriguetando"? sair beijando todo mundo? que maluquice essa do professor. Vou desafiar a sua idéia. Mostrar a ele que não sou mais uma das menininhas bobas dessa sala. Tenho conteúdo. Mostrar que sou mulher pra ele.

"Arnaldo" - chamei pelo nome próprio. Não seria bom eu exclama-lo com o apelido que inventei.
"Como vou saber quem é meu verdadeiro amor se há milhões de possibilidade, já que todos os homens são meus potencias amantes?" - mandei a minha cartada.
Ele repitiu minha pergunta, como sempre faz com qualquer pergunta que é feita a ele. Vício de professor.
"Quase isso, Arnaldo" - respondi séria.
Enquanto ele respondia, voltou a soltar aquele risinho maroto e o olhar que me deixava toda mole. Que homem é esse! Ele tem certeza que aquilo mexe comigo e faz só de pirraça.
Não entendia muito bem o que ele falava. Estava mais entretido com sua boca, aquele rostinho perfeito, o corpo malhado naquela camisa apertada...a sala, do nada, começou a ficar mais quente, tentei disfarçar o calor, pois não era a sala. Era comigo.
Ele começou a finalizar sua resposta. Falou em coragem e umas outras coisas lá, mas o que prendeu minha atenção foi a ultima frase. Ele falou olhando dentro dos meus olhos (deu pra perceber; sento na 4º fileira da sala e estou bem perto para perceber qualquer movimento seu) e falou "Apenas faça."
Me arrepiei toda...
Não era mais uma indireta. Era um recado. Uma ordem. "Faça".
Tava tão envolvida naquele momento... todo aquele sentimento guardado, seus olhares melosos, sua boca, seu corpo sexy, seu sorriso, seu charme, todo o meu desejo, todo aquele envolvimento entre nós dois, todas as emoções explodindo ao mesmo tempo dentro de mim...não aguentei...aquela frase martelando em minha cabeça...apenas faça, apenas faça, apenas faça, faça...



- "Arnaldo"
- "Oi"
- "Tenho mais uma dúvida...dúvida não, na verdade é mais uma declaração..."

continua...




Rita, 18 anos.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Irresponsáveis palavras sendo soltas ao vento - uma das quatro partes

Vivemos em eternos dilemas.
Não podemos fugir disso.
Um dos meus preferidos e mais recorrentes é o dilema da felicidade a dois.
No momento que escolhemos determinada pessoa para ser nosso companheiro, excluímos todas as outras por um determinado espaço de tempo. Isso é fato. Tenham como ressalva, que analiso a saúde amorosa de um casal que não comete adultério.
Nesse meio tempo que concentramos toda a nossa atenção ao parceiro, quem garante que não deixamos passar a chance de conhecer o amor verdadeiro? quem garante que no exato instante que você estava se esforçando para ser amável, do outro lado da rua passe aquele que poderia ser seu par perfeito?
Não estou dizendo que devemos nunca criar laços com alguém, mas discutir até quando essa escolha vale realmente a pena. Creio que optamos, muitas vezes pelo namoro sem a análise dessa hipótese.
Algumas relações são conflituosas, mesmo assim perdemos nosso tempo. É, esse é o termo apropriado "perda de tempo"; enquanto estamos nos iludindo numa relação que não é perfeita ou não possui perspectivas futuras, perdende-se a chance de encontrar nosso grande amor.
Não existe relação perfeita. Também não acredito no amor.
Mas há relações que são pura perda de tempo, com mencionei anteriormente. E quanto ao amor... a única coisa que não enxergo e acredito piamente é Deus.
Tá, eu acredito no amor - (risos) - mas, não como antes. Minha idéia de amor é igual a de loteria. Há bilhões de chances contra, joga-se não acreditando muito, mas no fundo, antes de dormir, todos rezam para ser sorteados.
O amor para mim é isso, uma grande loteria. Já lutei muito pelo amor. Já corri muito atrás dele.
Hoje quase me convenço que é uma miragem.
É...
Você vê algo que necessita urgentemente naquele momento, vai atrás com toda a vontade do mundo. Quando chega perto, tudo não passou de um engano dos seus sentidos e pior: tirou-lhe do caminho correto das coisas.
Por isso, pensem bem antes de manter algum relacionamento.
O seu potencial amor estar passando ao lado.


- "Oi"- respondo a um dos alunos que me interrompe.
- "Você quer saber de que forma devemos administrar essa situação dos 'potenciais amores' uma vez que todos são 'potencias amantes'. É isso?" - tinha entendido sua pergunta, mas quis repeti-la para todos ouvirem. "Quase isso?" - (risos).
- "Entendo o que você quer dizer. E está certa na sua fala. Todos são potências amores. Tanto o atual, quanto o cara que está atravessando a rua. Mas, a pessoa que está ao seu lado tem uma vantagem ou desvantagem, não sei ao certo, que é o relacionamento. Não no sentido amoroso, mas o simples relacionamento entre as partes.
Enquanto o candidato em potencial 1, denominaremos assim seu companheiro, já se transformou em pessoa, carne e osso, defeitos e qualidades, o que está atravessando a rua, o candidato potencial 2 é uma fantasia. Automaticamente, é moldada sua personalidade com a ajuda de suas roupas, trejeitos e sua imaginação. É criada uma pessoa que não é, e se fantasia com isso.
E, não sei porque, nós, pessoa comuns, aliás, todos, temos a eterna preferência pela fantasia."

Toda a minha fala tem como princípio a coragem. Não tenham medo de buscar o novo amor, não tenham medo de entregar-se a uma paixão. Não tenham medo. Esse momento da decisão pode te comprometer pra toda vida, pois os segundos que você gasta decidindo, já decidiram por você, "já tomaram sua vaga" ou simplesmente fez acabar o momento de sonhos. Apenas faça.




Arnaldo - 26 anos.

quarta-feira, outubro 11, 2006

5 minutos

3:21

Moça decidida.
Olhou, viu o que queria e fez.
- Vim, vi e venci - suas únicas palavras. Petulante.
Não houve esforço, nem resistência. Nós já sabiamos o que era pra ser feito. Só era necessário um dos dois ceder primeiro.
Eramos acostumados a inflexibilidade. Sua postura denunciava isso. Sempre segura de si, sempre dona da situação, mesmo sabendo que poderia sair do seu controle a qualquer momento, porque eu também estava no controle. Se minha postura não fosse previsívil, ela ficaria muito mal. Decidi ser bonzinho naquele momento. Fiquei estático. Apenas sorri.


3:20

Já tinha chegado onde queria. Estava em minha frente.
Não falou nada.
Estava fixa em meus olhos.
Olhar penetrante. Alcançava a minha alma, me incomodava profundamente. A única saída era desviar o olhar. Mas, claro que não faria isso. Seria a minha afirmativa de vassalo. Ficamos alí, como se o tempo não passasse, esperando o primeiro erro do adversário.


3:19

Continuava andando em minha direção.
A cada passo, seu corpo inclinavava levemente para o lado contrário. Andava como uma modelo. Aquilo me fez ficar nervoso por alguns segundos. "Seria ela uma modelo? seria famosa?". Deve ser modelo, mas não famosa. Nunca a vi em nenhuma revista badalada. Vogue Homem, Man's Health, Caras...nenhuma tirinha, nenhuma foto, nada. E daí? Eu que fantasiei que a morena era uma madelo de renome. Mesmo que não fosse, tinha uma beleza incostestável e não perderia espaço para nenhuma das übermodels. A moça chegava cada vez mais perto. Sorrindo. Tentando me deixar nervoso, sem sucesso, claro.


3:17

A festa estava maravilhosa. Poucos convidados. Só V.I.Ps. Decoração elegante e sóbria, como era de costume das festas do Marcos. Mas, isso era só no início. Quando os convidados chatos iam embora, nós tomavamos conta de tudo.
Depois das 2 da manhã, as pessoas insandecidas de tanto uisque, faziam as maiores loucuras, não se importanto com nada...a droga rolava solta, tudo era permitido. Mas, no meio da desordem total, havia uma luz. Uma mulher que nunca tinha visto nas festas do Marcos.
Parecia que ela estava me olhando a um bom tempo, sua feição contemplativa estava obvia.
De longe, ela sorrio, jogou o cabelo pra trás - "Eu quero sexo, agora" - falou exagerando na gesticulação labial pra que a entendensse perfeitamente.
Eu também sorri, um sorriso nervoso...esperava todas as frases, menos essa...mas, manti a pose. - "Então venha".
- "Quem deve se deslocar aqui é você." - falou agora com um leve sorriso nos lábios. Ela dava ordens sorrindo. Assim a obediência era resultado claro. Poderia ser assim com outros homens, comigo não.
Ficamos assim, nos entreolhando por alguns segundos. Esperando o primeiro passo, o primeiro vascilo.
Ela deu o primeiro passo. Venci.

quarta-feira, outubro 04, 2006

ilusão

Estavamos aos beijos descontrolados, bem enfrente a porta de sua casa; ela estava louca, mordendo meu rosto e procurando freneticamente a chave dentro da sua bolsa, queria abrir logo a porta...ela estava mais excitada do que eu.
Ela era muito sensível ao toque, a mordida...eu adoro morder...
Mordia sua boca...fazia força entre o limite da dor e o prazer; seus bjos eram loucos, rápidos...ela também mordia a minha língua...com toda a sua força...doeu, mas s eu o dissesse cortaria todo o clima.
"Esquece a chave" - foi o que disse enquanto tentava tirar a mão dela dentro da bolsa e por sobre o meu sexo; eu ainda estava vestido, estava com uma bermuda folgada...foi fácil deixar o falo a mostra.
"Menino" - tentou falar a moça enquanto me beijava; "estamos na rua" - mais uma mordida; "vai que alguém passa" - mordida no pescoço; "e vê?".
Nesse momento parei, olhei pra ela e sorri "sempre quis ser observado" - falei; ela também sorrio; me deu outro beijo de tirar a alma...uma loucura; ela estava de saia...muito curta... foi pro encontro já na intensão da transa, tenho certeza; tinha um jeitinho de santinha em público, mas aquele olhar dissimulado nunca me enganou, era a rainha do sexo...só isso que sabia fazer e parecia ser a melhor...do jeito que se esfregava em mim, parecia ser a melhor mesmo; de subto, ela virou de costa e começou a rebolar ainda mais...já tava perdendo os sentidos...não queria saber mais de nada...não estava me importando se alguém passasse naquela rua, mesmo assim, o risco era claro, estava doido...tinha que penetrar...agora...já...

"Vai Jorginho, bota com carinho, vai..."

Aquela frase me fez gelar...

Ela falou do mesmo jeito que Jackeline o fazia.

Me lembrei imediatamente da minha namorada, dos momentos felizes, das nossas brigas, do dia em que ela prometeu nunca mais me trair, do seu sorriso simples.
Essa seria a vingança perfeita...na frente da sua antiga casa, onde ainda viviam seus pais e sua irmã.
Sua irmã...que não dava a mínima pro sentimentos e pro amor fraterno.
Aliás, Sandra também queria vingança: durante toda sua vida Jackeline roubou seus amores, suas paquerinhas de colégio...a maioria dos homens que a interessava. Essa seria a grande cartada, o grande ato de uma irmã ressentida durante boa parte dos seus 18 anos.
Dois vingativos procurando justiça. Mas, desde quando vingança é justiça? apenas nas mentes mais doentias.

"Jorginho, vai...estou toda molhadinha..."

Achei tudo aquilo horrível, não tinha mais a intensão de machucar a Jack...
Empurrei Sandrinha e saí correndo...não sabia o que fazer, o que falar...só queria dizer a minha mulher que a amo...com todas as letras. Enquanto eu corria, tentava ajeitar a minha roupa, ainda estava excitado, mas minha mente, meu corpo e minha alma são de apenas uma mulher; estava correndo, mas não sabia pra onde ir...liguei na mesmo hora para o celular da Jack...queria dizer q a amo, contar tudo o que aconteceu e ela me perdoar...como um dia eu fiz com ela; não teriamos mais culpa...os dois erraram, houve o perdão mútuo...poderiamos viver sem fantasmas agora...

O celular estava ca caixa.

Instintivamnte, segui para o apartamento de Jack, ainda correndo. Sei que ela não estará lá, mais ficarei esperando...será uma surpresa; Meus Deus como eu a amo...no caminho da sua casa, passei por sua faculdade, sorridente, olhando no pátio pra ver se a encontrava. Não a procurarei...a alegria será maior em sua casa...quando nos encontrarmos.


Passando por uma das lanchonetes que rodeiam a faculdade, vi uma cena que me fez gelar: minha Jack aos beijos com um cara...

"Não é possível" - baixinho comigo mesmo.
"Jackeline...JACKELINE" - estava eu, aos berros.


"Jackeline..." - baixinho comigo mesmo. Ela já tinha olhado para trás. Falei baixinho sem acreditar no que estava vendo. Meu choro tabém foi baixo...apenas desceu uma lágrima.
Não conseguia raciocinar...todas as idéias estavam embaralhadas em minha cabeça...

Lembrei novamente da minha namorada, dos momentos felizes, das nossas brigas, do momento em que ela me prometeu que nunca mais me trairia, do seu sorriso simples.

Essa mulher nunca existiu...eu a criei.

"Não me toque" - falei baixinho. Estava com tanta raiva, que a própria raiva estava num grau elevado. Não...não sentia raiva. Sentia dor. Por isso que falei baixinho...cada vez que eu olhava pro seu rosto, doia mais...estava com o peso do mundo em minhas costas, não queria fazer mais nada. Finalmente, o tempo parou.

Lembrei finalmente da minha namorada, dos momentos felizes, das nossas brigas, do dia que ela me prometeu que nunca mais me trairia, do seu sorriso simples e disse adeus. Não...não cometi suicídio, mas uma parte de mim estará morta para sempre.


Jackeline, eu te amo.



Jorge, 23 anos.

terça-feira, setembro 26, 2006

Heterossexual metropolitano.

A partida de futebol tinha acabado.
Já tinha passado meia hora que estavam alí, sobre uma sombra na lateral do campo.
Falaram de suas jogadas espetaculares, dos gols perdidos, de como o goleiro era burro. Falaram até da Bia, a namorada do goleiro burro, que era mesmo um burro goleiro pois nunca percebeu o "mole" que ela dava pro Tcheco. Prontamente os outros dois afirmaram com a cabeça que ela dava mole para eles também - era mentira, claro. Mas nenhum deles queria ficar por baixo de Tcheco - com olhares provocantes e risinhos que surgiam do nada. O riso era um convite, mas ninguém teria coragem de trair a confiança do burro goleiro, que fora das quatro linhas do campo se chamava Bira.
Começaram, do nada, a falar do Beckham, das suas jogadas limitadas e do seu fraco futebol, que fazia forte contraponto ao seu sucesso no showbizz.
Era ele quem mandava no mundo dos jogadores de futebol. Era verdade que ganhava menos dinheiro que o Ronaldinho Gaucho, mas tinha mais estilo, classe na hora de tocar a bola, de fazer os lançamentos, de se vestir...
"Metrossexual...é assim que a galera chama ele"
"Veio, tu naum sabe...teve uma entrevista que ele disse que usava a calcinha da mulher"
"Ahhh...até vc, fio?"

O outro concordando com a discordância fez uma careta...também não acreditava na notícia.
"É man, foi o que li na revista, mas se é verdade..."

"Veio, o cara se arruma até pra entra em campo...cabelo com gel...viagem total..."
Os outros dois sorriram...pensaram, por alguns segundos como seriam eles, em um time profissional entrando todos com um estilo diferente...algo que chamasse atenção mas tivesse classe.

"É broder...de fud*r"

"Mudando a coversa de pau pra cacete, vocês viram as bermudas do Herchcovitch...muito bala"

"Pô...ele é o cara...faz cada coisa loka..."

É, o Herchcovith era um hit entre os três.
Tcheco gostava mais pela variação de cores das peças. Luiz curtia a forma inovadora do desenho das roupas. Chico usava porque era moda.


"Tcheco, essa sobrancelha tá igual a de tia, man."

Todos riram.

"Vai se lenhar, rapá! você tem inveja de mim"

Mais risos.

Essa brincadeira era costumeira entre os três. Qualquer defeito facilmente perceptível no visual de um deles era apontado e achincalhado pelo outro. Uma brincadeira que nas entrelinhas era uma forma de mante-los na linha quanto a forma que estão se vestindo e regularizar suas atitudes.

"Veio, tu não sabe..."
"Lá vem ele com estórias de novo"
"Ki nada. Se liga, eu tava lendo numa revista que te um salão em Sampa que tira a barba com cera quente...que viagem"
"Chico, para que tá feio...tu não cansa de mentir não?" - Tcheco fala com sorriso nos lábios.
"Não man, isso é verdade...aliás, dessa vez é verdade" - Disse Luiz também sorrindo.
"Eu também li algo sobre isso" - reiterou Luiz.
"Cera quente? deve doer muito" - Tcheco fala com uma voz baixa alisando o seu rosto totalmente liso.

"Falando em cosmético..." - Tcheco
"Ui...que palavra bonita...ensina a eu a falar assim, tio?" - Fala Chico aos risos.
"Lançaram um creme masculino, pra pele, que hidrata e possui feromônio" - Tcheco
"Man, prefiro o creme que tem lá em casa mesmo. E quanto ao feromônio, não preciso ajuda de um cremezinho não. Eu me garanto" - Chico



Nesse mesmo momento vinha de longe Augusto. Um colega deles, que pegaria carona com Tcheco. Iriam todos no mesmo carro voltar pra casa. Iriam amargurando a derrota, os gols perdidos, a inabilidade com Bia. Mas, no fundo, eles nem ligavam. Só queriam estar juntos mesmo.


"E aí, meninas? falando de qual marca de creme hoje?" - Augusto
"Mané creme, fio...a gente tava falando da gostosa da Bia...Jesus" - Chico


"Ei, não toca" - Tcheco fala pra Augusto.

"Não se pode tocar no cabelo de vocês três..." - Augusto

"É, no meu cabelo e nem na minha irmã" - Luiz
"Broder, pelo amor de Deus, não me diz que a ordem é essa mesmo...tipo, sua irmã eu já peguei" - Chico

Agora Gargalhada geral.


"vumbora galera...entrem logo no carro..." - Tcheco



E se vão os três amigos de volta para suas casas.





Observador, atemporal.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Cansei de ser eu

Assisti Missão Impossível 3.
Grande filme.
Ele prendeu minha atenção de uma forma grandiosa. Tinha horas que minha respiração acompanhava a trilha sonora, a velocidade da cena, a variação dos cenários. Houve momentos que me senti dentro de tudo aquilo.
De fato, foi um dos melhores trillers de ação que já assisti e não digo isso pela produção bem feita, pela atuação concentrada e perfeccionista do Cruise ou participação brilhante do vilão, que o cinismo impressionava, me fazendo lembrar dos políticos da minha terra. Obedeço apenas meu medidor oficial de qualidade cinematográfica: o impácto que o filme causa em mim.
Parece simples, mas não é.
São poucos os longas que me emocionam. Na maioria das vezes, sou um espectador indiferente e atento a qualquer detalhe ou possível erro que o diretor deixou escapar. Mas, MI3...me envolveu.
Uma grande verdade assumo agora: poucos me envolvem.
O ultimo que tenho lembrança foi Old Boy. Genial. Não pelo seu roteiro ( que é muito bom, por sinal) mas, pela capacidade do diretor (Park Chanwook) retratar da forma mais visceral possível alguns momentos. Tudo aquilo parece que vai explodir de tão intenso e você tem a perfeita impressão de que é real. É carne viva aquele filme. Me tocou profundamente.
Depois que acabou, fiquei uns 10 segundos paralisado...ainda assimilando a overdose de sentimentos que tinha presenciado...sim...presenciado; não era mais passivo a tudo aquilo. Tinha me envolvido. E isso, poucos filmes me proporcionam.
Posso citar também Jogos Mortais.
Nesse caso, o brilho fica para o roteiro, no qual me conquistou aos poucos.
Fiquei tão envolvido que tive raiva do vilão. Imagina...raiva de um personagem.
Outra produção que me impressionou foi Colateral. Um debate sobre o existencialismo humano travado entre um assassino e um taxista, tendo como pano de fundo assassinatos em série. A todo momento, o filme põe em cheque a importância da vida humana, quanto ela vale de fato e se nós a valorizamos realmente como deveriamos (ou se apenas dizemos poética/demagogicamente como é linda e maravilhosa a vida e sua continuidade, sendo sempre contra a mortandade nas guerras ou chacinas; discurso que mascara a nossa indiferença e inercia para combater essas ações abomináveis).
Mais uma vez, o Tom Cruise tava na área. E o carinha não estava sozinho. Tinha ao seu lado Jamie Foxx, outro grande ator.
Para filmes assim, dou o braço a torcer.
De um jeito que não notamos, nos faz embarcar no mundo de fantasia.
Isso é mágico.
Acabamos esquecendo os problemas.

Nos faz imaginar como seria diferente a nossa vida se...
se...
se fossemos mais corajosos, vivos, equilibrados, desequilibrados, leves, irritantes...

Esse "se" é que me mata...

Esse "se", na verdade, são milhares de novas possibilidades que surgem de mudar meu destino a cada vez que assisto um novo filme.





Roberval, 19 anos

quarta-feira, setembro 06, 2006

Mascaras

Sensualidade
É a única palavra que define essa mulher. Seus gestos, o olhar...um conjunto de sinais que nem parecem inatos de tão perfeitos.
O que mais impressiona é a sua voz...parece mais um gemido. Não é possível que essa mulher exista. Mas, ela está aqui, na minha frente, falando sobre...sobre...nem me lembro. Eu só concordava. Emitia um ruido que parecia um "uhum" a cada vez que ela terminava uma frase.
Esforço sobrenatural eu fazia para não ficar encarando seus seios...os mais lindos que eu tinha visto.
"Eu falo demais, né?"
Quase escapa um "uhum"... meu anjo da guarda me salvou dessa.
Ela nem falava muito. Eu que estava meio desinteressado na conversa. Não que ela fosse chata mas, enquanto ela falava baixinho comigo, seu corpo gritava.
"Não."
"Então me diz, o que você acha?"
Meu Deus...achar o que? não sabia do que ela falava, como vou emitir uma opinião? Se eu pedir pra repetir, a garota vai se achar realmente chata, se eu responder qualquer coisa, sairei como um burro. Lenhou tudo...
"Concordo com você. Ronaldinho Gaucho não joga nada na seleção"
Ela riu. Socou de leve o meu ombro e me chamou de palhaço. Como recompensa da minha boa ação, ela sorriu. Jesus...eu já achava sua boca espetacular, imagina o sorriso...
"Agora eu caso" - pensei.
"Com Ronaldinho Gaucho?" - respondeu de "bate-pronto".
Ela já estava as gargalhdas com o trocadilho que fizera e eu no sorriso amarelo. Mais uma vez pensei em voz alta e mais uma vez estava sem graça. Me esforcei pra não demonstrar. Então dei uma caprichada na riso amarelo.
"Não precisa forçar a risada não. Sei que sou meio sem graça..." - a menina retruca.
O moça difícil...não dava preu fazer tipinho. Ela sacava logo.
Não te contei, leitor, mas antes da minha fase "uhum", a todo custo, tentava parecer inteligente e com um ar meio desinteressado (quando a mulher é muito bonita, é melhor ficar neutro e jogar o charme bem devagar...bem de leve; se "chegar, chegando" não leva nada, se parecer "apaixonadão" seria mais um na fila. Então optei pelo personagem "inteligente desinteressado").
Depois da minha infeliz risada forçada, se estabeleu um silêncio. Ela tinha desistido de puxar conversa e eu não sabia mais que postura assumir.
"Quer saber? vou ser eu mesmo...pelo menos ela vai dar uns sorrisos e me apresentar pra umas amigas gostosas..." - Pensei comigo.
"O que?" - A moça pergunta. Eitcha...agora lenhou tudo...a moça ouvio a frase...falei em voz alta de novo...não tem piadinha de Ronaldinho Gaucho que dê jeito.
Na hora fiquei branco, azul, amarelo, transparente...todo sem graça.
"Fala logo. Repete..." - No momento que fui tentar explicar, a garota interrompe - "Diz logo...você perguntou pra mim "quer saber". Eu quero saber. É o que?

Jesus...ela só ouviu parte da frase...ou pelo menos eu só falei parte da frase em voz alta. Estava salvo...meu anjo da guarda mais uma vez não me deixou na mão. Vou fazer um pratinho de macumba pra ele...não, não...macumba é pra santo de terreiro...vou acender uma velinha pro meu anjo...o coitado deve tá cansado agora.



"Sorria de novo"
"O que?"
"Isso mesmo que você ouviu...sorria de novo"
Ela ficou sem jeito com a frase. A mulher mais confiante do mundo, a mais inteligente, a mais linda, a mais metida, ficou corada com um pedido. Ela acabou sorrindo de tão sem graça que estava. "Obrigado por ter me mostrado as estrelas" - falei pausadamente e olhando em seus olhos.
Agora, ela sorriu de verdade. De felicidade.
Já não estava mais tão interessado em seu corpo. Me deu uma vontade tão grande de beijar a menina tímida que surgiu dentro daquela mulher. O emocional superou o carnal mais uma vez.
A conversa fluiu novamente. Eu não fiz mais nenhum tipo. Ela se desarmou completamente (é...durante a conversa, ela tava dando uma de "gostosona"...também tinha criado a sua máscara) e começou a contar sobre seus medos, curiosidades, sonhos, desejos...tudo. Acabei tendo uma noite muito feliz. Acabei também acordando com o raiar daquele, que era um dos mais lindos sorrisos.


Aurélio, 22 anos.

domingo, agosto 27, 2006

Mais uma canção

"Nada vai mudar entre nós..."
Foi o que falei baixinho depois do primeiro beijo.
Natural, estranho e delicado. Sabe aquele beijo que surge do nada...assim...do nada mesmo? Exatamente isso que aconteceu. Ela não sabia o que fazer...não sabia se sorria, se ficava séria, se reprovaria a ação, se exultaria de alegria, não sabia. Como sei disso? reparei no modo que a coitadinha tava se comportando...totalmente perdida...chama cachorro de passarinho, passarinho de cachorro; apontava pra arvore que estava na nossa frente quando falava do por do sol, uma loucura...
"Como você sabe?"
"Como eu sei oq?"
"Que nada vai mudar?"
Respirei fundo. Verdadeiramente não sabia."Como eu sei? Eu só sei". Depois de ouvir a minha resposta, que na verdade era uma pergunta, ela deu aquele sorriso lindo, o sorriso que era só dela. Eu sentia uma paz quando via aquele sorriso...não sei explicar, mas sentia.
"Tudo vai permanecer igual, afinal, não há nada a fazer" reiterou ela.
Não sei porque, mas aquela frase veio no meu peito como uma flechada. Me incomodou de uma forma que não esperava. A idéia de transformar o beijo num acidente foi minha...fui eu quem começou dizendo que nada vai mudar, mas não dá pra ficar calado a vida inteira. Não vou fingir e sorrir mais uma vez. Esse é o momento, essa é a hora!
"Eu não nego, eu me entrego, você é meu grande amor, e hoje eu vou te dizer 'eu te amo' " - A moça ficou pasma. Não acreditava no que estava ouvindo. "Eu te imploro, eu te adoro, você tem meu coração a bater por você mais uma canção". Ela riu. Pelo amor de Deus, de onde saiu esse canção? tá maluco, porra?
Pelo menos, ela riu...na verdade ela gargalhou. Na certa foi um jeito que ela achou pra cortar o clima de novela mexicana que eu tinha instaurado. Aos poucos sua gargalhada se tornou uma risada, da risada foi para um sorriso e do sorriso sobrou apenas uma cara séria que olhava para mim com insistência. Na verdade nós não sabiamos o que dizer.Sabiamos sim, mas a realidade dos fatos deixaria uma ferida tão grande na nossa relação de amizade que preferimos ficar calados. E assim ficamos. Uns 15 minutos talvez, um olhando para o outro. Caras fechadas. Uma tensão só comparada com a dos filmes de velho oeste americano. Um esperando o outro sacar as palavras, o tiro certo. Mas, a munição não vinha. A frase perfeita, aquela que toda mulher tem...a frase elegante que elas usam para dizer que não somos interessantes, mas sem machucar o outro...essa não vinha.
A garota puxa o ar pra falar...ela vai falar, tenho certeza...mas, antes me veio pensamentos "de antes". De quando nos conhecemos. De como nos tornamos amigos. Ela era apaixonada por mim...todos falavam isso. Sua mãe me vinha com indiretas (aquela sutileza que toda mãe tem) muito fortes...sempre me pedia preu chama-la de sogra, dizia que sua filha vivia falando de mim. E as suas amigas? sempre diziam que eramos o casal perfeito, sempre me perguntando por que eu ainda não tinha ficado com Michelle. Eu sempre respondendo "porque ela é minha amiga". Até no baile de formatura, quando ela estava linda, no momento que dançamos a valsa, a garota me olhou nos olhos e tentou me beijar, mas esquivei...
Meu Deus, como pode alguém perder você como eu fiz, como eu quis não te ter? Desde aquele dia do baile vivo iludido a acreditar que o amor não se pôs em você...uma esperança que carrego até hoje, até este momento. Até agora. Ela vai falar, ela vai...
"Mas, me entrego. Eu não nego, eu errei, mas..."
Antes que ela falasse eu a interrompi e antes que eu terminasse, ela me interrompeu "Sou capaz de fazer sua vida mudar." Como assim a minha vida mudar? não entendi o que ela quis dizer com isso, com a cara séria ainda, a moça me olhava.
É...agora estava tudo perdido. Só me resta admitir a mim mesmo que estou apaixonado por ela. "Tô voltando não sei quando pra roubar teu coração" Falei baixinho. "O que você falou?" ela perguntou pra mim. Tava tudo perdido mesmo..."vamo avacalhar"...
"Eu disse tô voltando não sei quando pra roubar seu coração." Pronto. Consegui. Admiti pra mim mesmo que eu a amo.
"Você é um mentiroso. Aliás, você é burro e mentiroso." Essa eu não esperava...ofensas? me retei. Só poque eu tô afim dela, a moça vem logo "montando"?
"Burro. Burro mesmo...vc acha que vou cair nesse seu papinho de 'corno arrependido'?Mentiroso. Da primeira vez você falou 'teu coração' e não 'seu coração'. E, já que você não tem coragem, quem vai falar sou eu..."


...


Beijo...ela me deu outro beijo. Depois me sorrio e olhou dentro dos meus olhos. Tenho certeza que ela quis dizer que sempre me amou, nunca deixou de me amar. Outro beijo...outro...esse ultimo foi bem longo...em um lance repentino, ela se distanciou, olhou pra mim mais uma vez "Como você diz mesmo...é...canção...vou chegar no final de mais uma canção." Toda palhaça...

Nós rimos com vontade, como a muito tempo não ríamos. Olhamos para o céu que agora já estava estrelado e desejamos felicidades um ao outro. Ela olhou novamente em meus olhos, pegou a minha mão "Nada vai mudar entre nós, sempre nos amamos e vamos continuar nos amando."
Ela estava certa. Nada vai mudar entre nós.


Fábio, 21 anos

segunda-feira, julho 31, 2006

Karma

É incrível como as pessoas mudam.
É incrível como um relacionamento muda.
Aquelas primeiras impressões, as primeiras frases, piadas, perfumes, todo aquele jogo de sedução...balela. Isso tudo tem serventia apenas, para depois de um bom tempo, você se lembrar e rir da própria felicidade passageira (ou da infelicidade atual...simplesmente eu não sei o que é pior).
As nossas relações começam tão mágicas...a minha relação começou tão mágica. Claro...eu, o tolo sonhador comecei a desenhar para mim uma mulher que não existia. Que não tinha defeitos. Que não tinha nada que pudesse me desagradar...nunca. Por isso que os relacionamentos acabam. Eles nascem no universo da fantasia, no solo das núvens. Deveriam ser paridos no chão da realidade.
Na próxima relação, vou propor a minha companheira que, ao invés dos olhares melosos e admiração das impares qualidades, ouvesse uma declaração dos nossos piores defeitos. Isso é pouco romântico? pode até ser. Mas, pelo menos, saberei onde estou me metendo.
Será que todas as mulheres são umas vagabundas? todas são volúveis? todas gostam do som da buzina de carro ou do cheiro da gasolina? todas? todas?! todas!


Realmente não acredito nisso. São desculpas machistas para os que são fracos na arte da sedução. Quem não gosta de um pouco de luxo?
Mesmo assim isso não redime uma traição. Não redime mesmo...
A traição acaba com tudo. Acaba com a confiança, com a sinceridade do casal, com a felicidade...
Felicidade essa construida ao longo de 6 meses.
Como uma pessoa troca um passado por apenas uma noite?

Responde! Você me responde?

Vagabunda...todas são...você é...

Me responde...

Vai ficar calada aí? - Dispara a frase depois do seu emocionado discurso.


Aos soluços e lágrimas, eu só conseguia olhar para o chão.
Não me arrependo de ter ido a festa na sexta passada, de ter ficado com outra pessoa e de contar a traição a ele. Não me arrepende mesmo. É uma característica minha ficar com várias pessoas. Nunca namorei sério na vida. Não seria agora que o faria. Por mais que gostasse do Jorge, quem veio com esse papo de compromisso foi ele. Fiquei porque tudo era maravilhoso...mas, em momento algum prometi fidelidade. Contei dessa vez, pra ver se o cara cai na real. Não sou a bonequinha que ele pensa que sou.
O problema: ele é um cara legal. Traia os outros porque eram cafagestes e mentiam dizendo que me amavam. Mas, ele é diferente. Realmente se importa comigo...
Por isso choro. Ele achou que eu era o amor de sua vida...que eu era especial, que era única.
A forma que nos conhecemos, no ônibus, foi realmente mágico...o coitadinho não sabia pra onde olhar...era tão engraçadinho...

Mas, não tem jeito. Tive que acabar da pior maneira possível para ele não tentar voltar. Tive que terminar da mesma forma que um dia fui rejeitada.
Será o Karma? não. É apenas o mal de ser romântico.


Jackeline - Ex do Jorge, 19 anos

segunda-feira, julho 24, 2006

Para eu ser um pouco mais feliz.

Eu estava assistindo Alfie – O Sedutor e percebi como seria interessante aquela vida de conquistador inveterado. Jovem, não tão pobre e nem tão rico, muitas mulheres a disposição, muito da vida para gozar.
Pensei momentaneamente, eu me encaixando naquele esteriotipo mostrado na tela. Teria que trocar a cor do meu cabelo para loiro (claro, os ícones de beleza atualmente são loiros), criar um olhar sedutor ( seria minha arma secreta), adicionar a minha personalidade um ar dispojado/chique, ser cool e ter uma boa conversa.
Pronto. Pontos fáceis de serem adquiridos e somados a minha nova imagem. Se não posso ser o Alfie, poderia ser o genérico dele, com mais charme e um pouco mais de originalidade (como pode ser um genérico original?).
Mas, ao passar do filme, foi me preocupando todos aqueles problemas que o pobre personagem sofria. Aos poucos ele ia percebendo que a melhor opição para a sua vida era encontra o seu amor, a pessoa certa e não cair no hedonismo desenfreado.
Aquilo me deixou triste. Tinha arranjado para mim um novo heroi, que em menos de 40 minutos, toda sua aura magnífica tinha dissolvido. Suas piadas não funcionavam mais. Até uma doença venéria o tal do Alfie tinha contraido. Aff...mas, que decepção. Não se criam heróis como antigamente ou, na verdade, ele nunca foi um heroi. Meus olhos ligeiros não perderam a oportunidade de considerar o personagem como o salvador dos meus problemas.
O mais estranho de tudo foi que depois de um tempo, minha tristeza deu lugar a um contentamento sem tamanho: notei que ser um "Dom Juan" volúvel, destruidor de coração e invencível nas conquistas só nos leva à solidão. Ninguém quer ficar sozinho. Muito menos eu.
Então a mensagem do filme é essa: seja você.
Obrigado Alfie, vc me mostrou que posso ser muito mais feliz sendo eu mesmo. Sendo o sonhador de sempre, sendo o cara fiel e atencioso que achou dentre as milheres de pessoas a mulher certa e, sem medo de errar, escolherei ela como minha futura esposa.
Mas, esperem aí...quem garante que um conquistador acaba sozinho no final e eu, um cara normal, de poucas palavras, serei mais feliz levando a minha vidinha da forma conservadora?


Obrigado mais uma vez, Alfie, por ter me feito acreditar, mesmo sabendo da mentira, que a vida dos jovens, não tão pobre e nem tão rico, que tem muitas mulheres a disposição acaba em reflexões sobre o seu modo inconsequente de vida e na pior e mais sombria solidão.
Tudo isso é até engraçado.
Um filme feito para eu me sentir um pouco menos infeliz.



Roberval, 19 anos

quarta-feira, junho 28, 2006

A ultima carta

Me desculpem.

Eu não queria demorar tanto a escrever.
Sei que isso tudo é entretenimento e não declarações pessoais mascaradas em personagens fictícios, onde cada um determina uma faceta da minha personalidade.
Não, posso deixar vocês na mão, posso?

Então vamos ao show.

Vamos ao prazer das declarações delirantes, aos choros soluçantes, aos arquétipos de amor perfeito que estão guardados em nosso subconsciente. Vamos relembrar todos os nossos sonhos perdidos e desejos não realizados. Olhares não trocados, declarações não feitas. Tudo de mais maravilhoso que guardamos para aquela pessoa em especial e não compartilhamos.Tudo de bom que se transformou em dor.

Alguns dizem que as decepções ao longo de nossas vidas são benéficas, pois só assim criamos experiência. Então que eu seja inexperiente por toda a minha vida.

Cansei de chorar, canse de sorrir aquele sorriso falso, amarelo; o sorriso "cordial", expressando a alegria que não tenho. Cansei de tudo.

Só não cansei de você.

Por isso, te escrevo agora...

Sei que essa minha ultima carta será mais uma dentre dezenas que você mantém guardada em seu quarto dos seus admiradores, dos teus seguidores, dos indefesos que não tiveram tempo de esquivar do seu arrebatador olhar, dos homens que, igual a mim, só escrevem porque cansaram de olhar pra ti e não falaram nada...

Já cansei de te desejar. Aliás, não quero mais ter você. Quero apenas que encarem a carta com respeito. Lembrem que são apenas declarações de um homem que pela primeira vez se viu apaixonado, desesperado e mandou uma mensagem, porque não tinha coragem de te olhar nos olhos e dizer que te ama.




Ps.: Em alguns momentos, a carta está no plural. A explicação é bem simples: tenho certeza que futuramente você a mostrará para suas amigas. Será o seu trofeu, uma prova ridícula para a sua auto-afirmação, um momento mínimo que servira para sentir-se feliz; mais uma cabeça de um homem abatido.



Leonardo, 26 anos

segunda-feira, maio 29, 2006

Penultimo romântico

As vezes, me pergunto, por que nasci assim.
Não há uma explicação exata do que eu sou.
Sensível demais, indeciso demais, desajeitado demais...tudo demais.
"As coisas sempre vão melhorar ou dar certo no final"; "Todas as pessoas tem um lado bom";
"Se nos esforçarmos, faremos o mundo melhor". Verdades que eu acredito fervorosamente, ou pelo menos acreditava.
Cansei de me apaixonar sempre pela pessoa errada. Não só a paixão carnal, a sexual, mas o simples deslumbre, o feitiço, o amor...

Cansei.

Não quero mais pensar em vc. Não vou mais pensar em você. Mas, eu sinto tanto a sua falta...
Suas palavras rudes, suas brincadeiras inapropriadas, o seu humor sarcastico, o modo que me desaprova, a simplicidade que sorri...

Sinto sua falta.

Texto piegas. De um chorão que não sabe aceitar a derrota. Derrota... derrota? cheguei a lutar por você? não. Em nenhum momento fiz o mínimo para te merecer, não provei ser digno do teu amor...

Texto muito piegas. Essa ultima frase pareceu vinda de alguma bolero antigo.
Mas, o amor, em sua essência é brega. Ele não está sobre um salto alto vestindo Armani, está de chinelos mendigando reciprocidade.

Chega!!! não acredito mais em nada disso. Sou o penultimo romantico. O ultimo sou eu, o verdadeiro eu, que espera a mulher verdadeira, a única mulher verdadeira, que, em um momento, pensei ser você.
Esse meu "eu" profundo e quase inatingível, é meio burro, puro e simples.
Infelizmente, ele nunca deixará de ser romântico.


Meu nome é Frederico, tenho 24 anos.

terça-feira, maio 16, 2006

O profissional.

Eu sou o cara.

Não que eu seja convencido, claro que não. Mas a verdade precisa ser dita.
Todas me adoram. Meu charme irresistível e meu papo atraente enfeitiça qualquer garota. Minha fama é longa. Só beijo as bocas mais bonitas e as mulheres mais difíceis.
Quando entro numa festa, procuro a mais bela. Normalmente fico com ela. Não tenho culpa se as mulheres procuram os mais bonitos.
Numa dessas noites, em uma festa qualquer, encontrei uma que não se encantou pelo meu sorriso, não procurou a etiqueta da minha roupa e nem deu a mínima para a chave do carro q eu rodava insistêntemente em meu dedo indicador. Ao invés de se impressionar, ela imitou o meu gesto com um ar de deboche.
Procurei chegar de mansinho, pois todos os convites de dança, todas as conversas puxadas e todos os olhares enviados, a garota rejeitava com uma vontade impar. Era o meu desafio. Mostrar aos otários dessa festa como se faz pra conquistar uma mulher.
Vou partir para o plano B...se o que tenho não impressiona, quem sabe as casas de meu pai em Noronha ou as loucuras consumistas de minha mãe a impressione. Nada surtia efeito. Ela permanecia com a cara séria e insatisfeita, como se a todo momento me perguntasse "e daí? oq tenho haver com suas estorinhas?".
Já estava impaciênce... estava passando para o "pessoal" essa disputa. Ela queria medir forças comigo. Se esforçando para não cair no meu charme irresistível. Eu sentia isso. A cada frase, a cada olhar contido que ela me dava, sentia uma paixão reprimida. "Ela tá doida pra me agarrar"...é, eu estava doido mesmo. Perdendo tempo com a "chatinha".
"Deve ser lésbica"...essa é a única explicação. Mas, ela estava vestida de uma forma tão feminina, com um perfume tão doce...queria sentir aquela fragrancia mais e mais...chegava bem pertinho dela, fingindo que estava falando ao seu ouvido só pra sentir seu delicioso perfume.
Em um momento da festa começou a tocar forró...chamei a carrancuda para dançar. Ela negava. "Nega por que não sabe dançar" - apelei para o orgulho interiorano. Existia alguma menina do interior que não soubesse dançar? "só vai ser essa música..e se pisar em meu pé, te deixo dançando sozinho"; ô menina orgulhosa...doida pra dançar, mas ainda assim mantém a pose.
Minha proesa já foi maior do que a dos outros caras. Puxei a onça pra dançar. Alguns olhavam-me com raiva, outros com admiração, eu apenas sorria...consegui o que outros tentaram em vão. Mas, esqueci esses pensamentos em segundos. Seu perfume me inebriou mais uma vez.
Como ela dançava tão leve, me abraçava tão forte.
Estava apaixonada e não queria dar o braço a torcer... "não me aperte tanto"; eu? apertar? vc que está me apertando...pensamentos que não faziam o menor sentido serem ditos. Só queria saber do perfume. Da maciez do seu cabelo, distanciei meu rosto do seu ombro para olhar a sua boca...sua boca, sua boa, sua boca...

"EI!!!"

A carrancuda falou mais uma vez energica. "Nada de beijo, só quero dançar"
Quem pensou em beijo?
Maluca essa menina...

Voltei a descançar minha cabeça em seu ombro. Ela tinha quase o meu tamanho...o tamanho perfeito de mulher...aquele perfume, aquele cabelo tão macio, distanciei para ver, mais uma vez a sua boca, sua boca, sua boca...

"PLAFT"

Fui surpreendido por um tapa. "Eu falei a você que só queria dançar."
Depois do tapa, percebi que tinha me apaixonado por aquela estranha, q foi tão rude comigo, que serviu apenas como forma de afrontar os outros homens, que serviria para minha auto-afirmação.
A moça distanciou-se de mim a passos rápidos e firmes. Todos me olhavam. Os que tinham inveja, agora riam e apontavam para mim.
"Quem não te quer sou eu"
Foi a única coisa que consegui falar. Tentei fazer uma pose, mas eu estava sentido demais por aquela rejeição. Nunca tinha acontecido dessa forma. E logo ela. A que tinha o tamanho perfeito, a voz suave, o perfume mais doce, o jeito rude, mas manso.
Nunca mais encontrei a carrancuda.


Meu nome é Roger, tenho 19 anos.

terça-feira, maio 09, 2006

durma bem, meu bem.

"Pode sentar".
Foi a minha primeira frase para o meu anjo. É impressionante como gostamos das pessoas no primeiro olhar. Nem sei o que vi direito, apenas fiquei nervoso e me esforcei para q ela naum percebesse o meu nervosismo.
Ela acabou sentando. Pediu as minhas trouxas, uma forma de agradecer pela gentiliza feita por mim. Mas, se a garota me pedisse mais mil vezes, eu daria as mil vezes o mesmo lugar.
Ela era linda. Aliás, ela é linda. Perdi o contato com Jackeline, mas ela deve estar viva, namorando com alguém, pode estar beijando outro pensando em mim ou, simplismente, pode estar assistindo televisão.
Voltemos agora ao ônibus. Ela, com a minha sacola no colo, olha para a janela como se aquela paisagem fosse a primeira que tivesse visto em anos, como se aquilo tudo fosse novo, como se não passasse por alí todos os dias. Mas, isso não me importava, apenas olhava para o seu lindo rosto, percebendo os detalhes dos seus olhos, da sua boca, de seus traços leves.
A minha dúvida mortal naquele momento era como pedir seu telefone. Na verdade é bem simples...naum mudará o destino do universo, mas para mim era a coisa mais difícil a se fazer. Pensei em várias frases, inventar casos, começar a reclamar da demora do ônibus em chegar ao meu destino e, ao momento q ela interagisse na conversa, perguntaria sobre ela e sobre o seu telefone. Sobre o seu telefone não...ela diria "o aparelho vai bem" e fecharia a cara. Não poderia falar isso.

O tempo passava.

O ônibus já estava chegando a estação e naum tinha vindo "a idéia". "Ahh..q se dane, é apenas um telefone...", repti essa frase para mim inumeras vezes até tomar coragem. É agora. Olhei pra ela mas, Jackeline já estava se arrumando para levantar. "Ei, sua sacola", foi a frase disparada por ela. Sim, para mim foi um disparo seco, a queima-roupa.
Fiquei atônito. Apenas sorri. Sentei no lugar q antes era da mais linda de todas; ela puxou a corda da campainha do ônibus, já estava se encaminahndo para a porta da saída; "Jackeline" - ela me olhou asuntada; apontei para o pulseira que estava bordado o seu nome. Foi assim q a conheci, foi assim que soube o nome do meu anjo urbano.
Em minha cabeça fervilhavam pensamentos, atos, frases, citações, filmes, poemas...
Quando abri a boca, acabei falando "boa noite e durma bem".

QUE FRASE IDIOTA!!!

Em momentos desesperados, ações desesperadas, mas isso era demais...uma frase desconexa, impertinente, ridícula!
Eis que Jackeline sorrio e respondeu "durma bem, meu bem".

A moça parou em minha frente, tirou de sua bolsa uma caneta e anotou o seu telefone nas "costas" da minha mão. Depois disso ela virou e foi para frente do ônibus. Estava se preparando para descer no próximo ponto. Jackie continuou a me olhar e a sorrir. Pensei, em um momento, ir atrás dela, me apresentar; no caminho de sua casa tentar roubar um beijo, mas não fui. Continuei sorrindo. Acenei quando desceu do ônibus. A garota fez o sinal de telefone com as mãos e com os lábios balbuciou um "me liga". "Durma bem, meu bem", foi a minha ultima frase naquela noite para o meu anjo.

Meu nome é Jorge, tenho 23 anos.

segunda-feira, maio 01, 2006

Primeiro Post.

Oi.

Meu nome é Chico.

Neste primeiro post venho me apresentar e explicar um pouco da proposta desse blog. Já me apresentei. Agora posso falar do blog.
Sempre, eu em minhas navegadas pelos blog's da vida, via aos milhares aqueles que retratavam os problemas e sofrimentos da vida feminina, (achei normal, seria apenas uma conseguência do seriado Sexy & City... - risos - brincadeira) mas nenhum blog que tivesse como foco o universo masculino.
A maioria de nós é taxada de insensível, volúvel, cultuadores da beleza física ou meros apaixonados por futebol, mas de todos esses predicados, o mais lembrado, o mais dito (ou até o mais crível pela maioria das mulheres) é de que somos TODOS IGUAIS.
Quem nunca ouviu a famosa frase "homem é tudo igual" ou a piadinha "homem só tem 3 paixões: futebol, mulher e mulher"?
Esse blog existe para desmistificar essa conceito q paira sobre a índole masculina e mostrar q somos compelxos sim e não pensamos apenas nas suas medidas corpóreas mulheres, mas q gostamos d seu sorriso, valorizamos a sua inteligência e também temos dúvidas em escolher a melhor roupa para chamarmos sua atenção nas baladas (!!!). O prórpio nome do blog remete a "variabilidade" de homens q existem no mercado (não cabe explicar o trocadilho aqui. Você certamente deve ter entendido).
Então, uni-vos homens e trabalhemos para q a nossa imagem tenham uma nova roupagem para as mulheres, pois é bem melhor ser chamado de charmoso do que de "beberrão imprestável".