segunda-feira, julho 31, 2006

Karma

É incrível como as pessoas mudam.
É incrível como um relacionamento muda.
Aquelas primeiras impressões, as primeiras frases, piadas, perfumes, todo aquele jogo de sedução...balela. Isso tudo tem serventia apenas, para depois de um bom tempo, você se lembrar e rir da própria felicidade passageira (ou da infelicidade atual...simplesmente eu não sei o que é pior).
As nossas relações começam tão mágicas...a minha relação começou tão mágica. Claro...eu, o tolo sonhador comecei a desenhar para mim uma mulher que não existia. Que não tinha defeitos. Que não tinha nada que pudesse me desagradar...nunca. Por isso que os relacionamentos acabam. Eles nascem no universo da fantasia, no solo das núvens. Deveriam ser paridos no chão da realidade.
Na próxima relação, vou propor a minha companheira que, ao invés dos olhares melosos e admiração das impares qualidades, ouvesse uma declaração dos nossos piores defeitos. Isso é pouco romântico? pode até ser. Mas, pelo menos, saberei onde estou me metendo.
Será que todas as mulheres são umas vagabundas? todas são volúveis? todas gostam do som da buzina de carro ou do cheiro da gasolina? todas? todas?! todas!


Realmente não acredito nisso. São desculpas machistas para os que são fracos na arte da sedução. Quem não gosta de um pouco de luxo?
Mesmo assim isso não redime uma traição. Não redime mesmo...
A traição acaba com tudo. Acaba com a confiança, com a sinceridade do casal, com a felicidade...
Felicidade essa construida ao longo de 6 meses.
Como uma pessoa troca um passado por apenas uma noite?

Responde! Você me responde?

Vagabunda...todas são...você é...

Me responde...

Vai ficar calada aí? - Dispara a frase depois do seu emocionado discurso.


Aos soluços e lágrimas, eu só conseguia olhar para o chão.
Não me arrependo de ter ido a festa na sexta passada, de ter ficado com outra pessoa e de contar a traição a ele. Não me arrepende mesmo. É uma característica minha ficar com várias pessoas. Nunca namorei sério na vida. Não seria agora que o faria. Por mais que gostasse do Jorge, quem veio com esse papo de compromisso foi ele. Fiquei porque tudo era maravilhoso...mas, em momento algum prometi fidelidade. Contei dessa vez, pra ver se o cara cai na real. Não sou a bonequinha que ele pensa que sou.
O problema: ele é um cara legal. Traia os outros porque eram cafagestes e mentiam dizendo que me amavam. Mas, ele é diferente. Realmente se importa comigo...
Por isso choro. Ele achou que eu era o amor de sua vida...que eu era especial, que era única.
A forma que nos conhecemos, no ônibus, foi realmente mágico...o coitadinho não sabia pra onde olhar...era tão engraçadinho...

Mas, não tem jeito. Tive que acabar da pior maneira possível para ele não tentar voltar. Tive que terminar da mesma forma que um dia fui rejeitada.
Será o Karma? não. É apenas o mal de ser romântico.


Jackeline - Ex do Jorge, 19 anos

segunda-feira, julho 24, 2006

Para eu ser um pouco mais feliz.

Eu estava assistindo Alfie – O Sedutor e percebi como seria interessante aquela vida de conquistador inveterado. Jovem, não tão pobre e nem tão rico, muitas mulheres a disposição, muito da vida para gozar.
Pensei momentaneamente, eu me encaixando naquele esteriotipo mostrado na tela. Teria que trocar a cor do meu cabelo para loiro (claro, os ícones de beleza atualmente são loiros), criar um olhar sedutor ( seria minha arma secreta), adicionar a minha personalidade um ar dispojado/chique, ser cool e ter uma boa conversa.
Pronto. Pontos fáceis de serem adquiridos e somados a minha nova imagem. Se não posso ser o Alfie, poderia ser o genérico dele, com mais charme e um pouco mais de originalidade (como pode ser um genérico original?).
Mas, ao passar do filme, foi me preocupando todos aqueles problemas que o pobre personagem sofria. Aos poucos ele ia percebendo que a melhor opição para a sua vida era encontra o seu amor, a pessoa certa e não cair no hedonismo desenfreado.
Aquilo me deixou triste. Tinha arranjado para mim um novo heroi, que em menos de 40 minutos, toda sua aura magnífica tinha dissolvido. Suas piadas não funcionavam mais. Até uma doença venéria o tal do Alfie tinha contraido. Aff...mas, que decepção. Não se criam heróis como antigamente ou, na verdade, ele nunca foi um heroi. Meus olhos ligeiros não perderam a oportunidade de considerar o personagem como o salvador dos meus problemas.
O mais estranho de tudo foi que depois de um tempo, minha tristeza deu lugar a um contentamento sem tamanho: notei que ser um "Dom Juan" volúvel, destruidor de coração e invencível nas conquistas só nos leva à solidão. Ninguém quer ficar sozinho. Muito menos eu.
Então a mensagem do filme é essa: seja você.
Obrigado Alfie, vc me mostrou que posso ser muito mais feliz sendo eu mesmo. Sendo o sonhador de sempre, sendo o cara fiel e atencioso que achou dentre as milheres de pessoas a mulher certa e, sem medo de errar, escolherei ela como minha futura esposa.
Mas, esperem aí...quem garante que um conquistador acaba sozinho no final e eu, um cara normal, de poucas palavras, serei mais feliz levando a minha vidinha da forma conservadora?


Obrigado mais uma vez, Alfie, por ter me feito acreditar, mesmo sabendo da mentira, que a vida dos jovens, não tão pobre e nem tão rico, que tem muitas mulheres a disposição acaba em reflexões sobre o seu modo inconsequente de vida e na pior e mais sombria solidão.
Tudo isso é até engraçado.
Um filme feito para eu me sentir um pouco menos infeliz.



Roberval, 19 anos