quarta-feira, agosto 01, 2018

Vivos, o que nos mantém, realmente, é o amor; a única coisa.

Prestes à atravessar, esperando o sinal abrir. Pensando nas ações diárias, e no que poderia fazer para sua vida ser menos ordinária. Responder às provocações do chefe, deixar de rir das piadas sem graça dos amigos, investir em possíveis amores no escritório, mudar de emprego e ser escritor, nadador, decorador, arranjador, armador...amor...amor? Sim, o amor...do outro lado da rua, igualmente distraída, pensando em seus problemas talvez? Sorriu. Mas não o olhou. Estava avistando o infinito, o vazio, entretida em seus pensamentos, esperando, como ele, o sinal abrir. O sorriso foi de algo engraçado que lembrou do trabalho? Quem sabe? Nem eu mesmo, o narrador, sei.
.
O sinal abre, o coitado a encara na esperança de um olhar retribuído. O coitado continua a encarando. Olhando...passando, passando...e passou. Nada. Sem uma fresta de vida. Ela não o viu. Será? Nem eu sei. Mulheres lindas são assim, terrivelmente cruéis. Poderia compartilhar a sua graça com um simples sorriso, retribuir o olhar tão dedicado do nobre rapaz. Talvez até seu dia melhorasse, com essa gota de auto-estima e possibilidade. A bela se foi. O amor inventado também. Voltemos aos pensamentos. Como tornar a vida deste rapaz menos ordinária? Novamente sonha em responder às provocações do chefe...uma pitada de sarcasmo? Ser direto? Mas a lembrança do sorriso volta. A esperança do amor inventado também. "Ai se ela me olhasse". Balbucia para si. Coitado...é um coitado. Seu nome é Leo, como o de vários outros coitados. Ele busca o amor. Acha que é dinheiro, mas quer mesmo o amor. Como todos nós. Coitados ou em busca do amor? Nem eu mesmo, o narrador, sei.

Nenhum comentário: