sexta-feira, outubro 27, 2006

Irresponsáveis palavras dominando corações e mentes - segunda das quatro partes

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"Nossa".

Era o que falava enquanto ouvia aquilo tudo.
Tipo, o professor falou coisas que eu nunca tinha imaginado.
Sempre fazia as escolhas dos parceiros por algum motivo nem sempre especial. Preferia os mais cheirosos ou os que fossem mais criativos na conquista ou ainda aqueles que tinham um charme. Adoro homens charmosos. O sorriso contido, a fala na hora exata, todo aquele jogo de sedução...ai...me deixava tonta...
Não sei qual dessas qualidades me atraio para o professor. Só sei que foi de uma vez.
Estava atenta ao que dizia.
Seria tudo aquilo uma indireta pra mim?
Enquanto ele fala, de vez em quando, percebia uma olhadela e um sorrisinho pra mim.
É uma indireta, tenho certeza.
Esse papo meloso de amor do nada, logo no início da aula de redação, sei não...
Sempre rola uma reflexão do assunto que vamos tratar antes de fazer qualquer texto, mas esse dia tô achando que é tudo pessoal demais. Mexe muito com as pessoas. E comigo também.
Será que estou imaginando coisas?
Ele também olha para outras meninas da sala e sorri. Mas, o meu sorriso é especial. Eu sinto isso. A Paty me falou que também acha os olhares do Arnaldino pra mim meio estranhos. Eu diria mais que estranhos. Especiais.
"Como assim você não acredita no amor?" - minha pergunta quase que automática. O homem me vem com um papo todo meloso e depois diz que não acredita no amor? ele quer enganar quem? - "Tá, eu acredito no amor..." - respondeu ele desabafando, quase de uma forma irônica. A sala toda riu. Também ri, mas de aliviada. Acabei ficando tensa quando ele fez aquela declaração. Meu par não acredita no amor? não existe isso. - "Mas não como antes" - Arnaldinho completa sua frase. Aquilo me deixou em dúvida. Como um homem que fala sempre das loucuras que devem ser feitas pelo amor, não acreditar nele? Será que ele teve uma grande desilusão? qual mulher fez aquilo? com quantos anos ele teve essa desilusão? perguntas que não cabiam ser feitas naquele momento, mas um dia eu as faria. Naquela hora só queria por meu professorzinho no meu colo e ouvi-lo falar. Falar sobre tudo o que ele quisesse. Era lindo, inteligente e charmoso. Tem combinação melhor? ter, tem, mas ele não era rico.
Deixei de viajar nas minhas próprias loucuras e comecei a pensar no que Arnaldo falava. Ele prega a real possibilidades entre todas as pessoas ou melhor a dúvida entre qual será a nossa verdadeira alma gêmea. Mas, como pode fazer isso se todos são possíveis parceiros? Nessa sala de cursinho há dezenas de homens, mas como vou saber quem é o homem da minha vida? vou sair "piriguetando"? sair beijando todo mundo? que maluquice essa do professor. Vou desafiar a sua idéia. Mostrar a ele que não sou mais uma das menininhas bobas dessa sala. Tenho conteúdo. Mostrar que sou mulher pra ele.

"Arnaldo" - chamei pelo nome próprio. Não seria bom eu exclama-lo com o apelido que inventei.
"Como vou saber quem é meu verdadeiro amor se há milhões de possibilidade, já que todos os homens são meus potencias amantes?" - mandei a minha cartada.
Ele repitiu minha pergunta, como sempre faz com qualquer pergunta que é feita a ele. Vício de professor.
"Quase isso, Arnaldo" - respondi séria.
Enquanto ele respondia, voltou a soltar aquele risinho maroto e o olhar que me deixava toda mole. Que homem é esse! Ele tem certeza que aquilo mexe comigo e faz só de pirraça.
Não entendia muito bem o que ele falava. Estava mais entretido com sua boca, aquele rostinho perfeito, o corpo malhado naquela camisa apertada...a sala, do nada, começou a ficar mais quente, tentei disfarçar o calor, pois não era a sala. Era comigo.
Ele começou a finalizar sua resposta. Falou em coragem e umas outras coisas lá, mas o que prendeu minha atenção foi a ultima frase. Ele falou olhando dentro dos meus olhos (deu pra perceber; sento na 4º fileira da sala e estou bem perto para perceber qualquer movimento seu) e falou "Apenas faça."
Me arrepiei toda...
Não era mais uma indireta. Era um recado. Uma ordem. "Faça".
Tava tão envolvida naquele momento... todo aquele sentimento guardado, seus olhares melosos, sua boca, seu corpo sexy, seu sorriso, seu charme, todo o meu desejo, todo aquele envolvimento entre nós dois, todas as emoções explodindo ao mesmo tempo dentro de mim...não aguentei...aquela frase martelando em minha cabeça...apenas faça, apenas faça, apenas faça, faça...



- "Arnaldo"
- "Oi"
- "Tenho mais uma dúvida...dúvida não, na verdade é mais uma declaração..."

continua...




Rita, 18 anos.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Irresponsáveis palavras sendo soltas ao vento - uma das quatro partes

Vivemos em eternos dilemas.
Não podemos fugir disso.
Um dos meus preferidos e mais recorrentes é o dilema da felicidade a dois.
No momento que escolhemos determinada pessoa para ser nosso companheiro, excluímos todas as outras por um determinado espaço de tempo. Isso é fato. Tenham como ressalva, que analiso a saúde amorosa de um casal que não comete adultério.
Nesse meio tempo que concentramos toda a nossa atenção ao parceiro, quem garante que não deixamos passar a chance de conhecer o amor verdadeiro? quem garante que no exato instante que você estava se esforçando para ser amável, do outro lado da rua passe aquele que poderia ser seu par perfeito?
Não estou dizendo que devemos nunca criar laços com alguém, mas discutir até quando essa escolha vale realmente a pena. Creio que optamos, muitas vezes pelo namoro sem a análise dessa hipótese.
Algumas relações são conflituosas, mesmo assim perdemos nosso tempo. É, esse é o termo apropriado "perda de tempo"; enquanto estamos nos iludindo numa relação que não é perfeita ou não possui perspectivas futuras, perdende-se a chance de encontrar nosso grande amor.
Não existe relação perfeita. Também não acredito no amor.
Mas há relações que são pura perda de tempo, com mencionei anteriormente. E quanto ao amor... a única coisa que não enxergo e acredito piamente é Deus.
Tá, eu acredito no amor - (risos) - mas, não como antes. Minha idéia de amor é igual a de loteria. Há bilhões de chances contra, joga-se não acreditando muito, mas no fundo, antes de dormir, todos rezam para ser sorteados.
O amor para mim é isso, uma grande loteria. Já lutei muito pelo amor. Já corri muito atrás dele.
Hoje quase me convenço que é uma miragem.
É...
Você vê algo que necessita urgentemente naquele momento, vai atrás com toda a vontade do mundo. Quando chega perto, tudo não passou de um engano dos seus sentidos e pior: tirou-lhe do caminho correto das coisas.
Por isso, pensem bem antes de manter algum relacionamento.
O seu potencial amor estar passando ao lado.


- "Oi"- respondo a um dos alunos que me interrompe.
- "Você quer saber de que forma devemos administrar essa situação dos 'potenciais amores' uma vez que todos são 'potencias amantes'. É isso?" - tinha entendido sua pergunta, mas quis repeti-la para todos ouvirem. "Quase isso?" - (risos).
- "Entendo o que você quer dizer. E está certa na sua fala. Todos são potências amores. Tanto o atual, quanto o cara que está atravessando a rua. Mas, a pessoa que está ao seu lado tem uma vantagem ou desvantagem, não sei ao certo, que é o relacionamento. Não no sentido amoroso, mas o simples relacionamento entre as partes.
Enquanto o candidato em potencial 1, denominaremos assim seu companheiro, já se transformou em pessoa, carne e osso, defeitos e qualidades, o que está atravessando a rua, o candidato potencial 2 é uma fantasia. Automaticamente, é moldada sua personalidade com a ajuda de suas roupas, trejeitos e sua imaginação. É criada uma pessoa que não é, e se fantasia com isso.
E, não sei porque, nós, pessoa comuns, aliás, todos, temos a eterna preferência pela fantasia."

Toda a minha fala tem como princípio a coragem. Não tenham medo de buscar o novo amor, não tenham medo de entregar-se a uma paixão. Não tenham medo. Esse momento da decisão pode te comprometer pra toda vida, pois os segundos que você gasta decidindo, já decidiram por você, "já tomaram sua vaga" ou simplesmente fez acabar o momento de sonhos. Apenas faça.




Arnaldo - 26 anos.

quarta-feira, outubro 11, 2006

5 minutos

3:21

Moça decidida.
Olhou, viu o que queria e fez.
- Vim, vi e venci - suas únicas palavras. Petulante.
Não houve esforço, nem resistência. Nós já sabiamos o que era pra ser feito. Só era necessário um dos dois ceder primeiro.
Eramos acostumados a inflexibilidade. Sua postura denunciava isso. Sempre segura de si, sempre dona da situação, mesmo sabendo que poderia sair do seu controle a qualquer momento, porque eu também estava no controle. Se minha postura não fosse previsívil, ela ficaria muito mal. Decidi ser bonzinho naquele momento. Fiquei estático. Apenas sorri.


3:20

Já tinha chegado onde queria. Estava em minha frente.
Não falou nada.
Estava fixa em meus olhos.
Olhar penetrante. Alcançava a minha alma, me incomodava profundamente. A única saída era desviar o olhar. Mas, claro que não faria isso. Seria a minha afirmativa de vassalo. Ficamos alí, como se o tempo não passasse, esperando o primeiro erro do adversário.


3:19

Continuava andando em minha direção.
A cada passo, seu corpo inclinavava levemente para o lado contrário. Andava como uma modelo. Aquilo me fez ficar nervoso por alguns segundos. "Seria ela uma modelo? seria famosa?". Deve ser modelo, mas não famosa. Nunca a vi em nenhuma revista badalada. Vogue Homem, Man's Health, Caras...nenhuma tirinha, nenhuma foto, nada. E daí? Eu que fantasiei que a morena era uma madelo de renome. Mesmo que não fosse, tinha uma beleza incostestável e não perderia espaço para nenhuma das übermodels. A moça chegava cada vez mais perto. Sorrindo. Tentando me deixar nervoso, sem sucesso, claro.


3:17

A festa estava maravilhosa. Poucos convidados. Só V.I.Ps. Decoração elegante e sóbria, como era de costume das festas do Marcos. Mas, isso era só no início. Quando os convidados chatos iam embora, nós tomavamos conta de tudo.
Depois das 2 da manhã, as pessoas insandecidas de tanto uisque, faziam as maiores loucuras, não se importanto com nada...a droga rolava solta, tudo era permitido. Mas, no meio da desordem total, havia uma luz. Uma mulher que nunca tinha visto nas festas do Marcos.
Parecia que ela estava me olhando a um bom tempo, sua feição contemplativa estava obvia.
De longe, ela sorrio, jogou o cabelo pra trás - "Eu quero sexo, agora" - falou exagerando na gesticulação labial pra que a entendensse perfeitamente.
Eu também sorri, um sorriso nervoso...esperava todas as frases, menos essa...mas, manti a pose. - "Então venha".
- "Quem deve se deslocar aqui é você." - falou agora com um leve sorriso nos lábios. Ela dava ordens sorrindo. Assim a obediência era resultado claro. Poderia ser assim com outros homens, comigo não.
Ficamos assim, nos entreolhando por alguns segundos. Esperando o primeiro passo, o primeiro vascilo.
Ela deu o primeiro passo. Venci.

quarta-feira, outubro 04, 2006

ilusão

Estavamos aos beijos descontrolados, bem enfrente a porta de sua casa; ela estava louca, mordendo meu rosto e procurando freneticamente a chave dentro da sua bolsa, queria abrir logo a porta...ela estava mais excitada do que eu.
Ela era muito sensível ao toque, a mordida...eu adoro morder...
Mordia sua boca...fazia força entre o limite da dor e o prazer; seus bjos eram loucos, rápidos...ela também mordia a minha língua...com toda a sua força...doeu, mas s eu o dissesse cortaria todo o clima.
"Esquece a chave" - foi o que disse enquanto tentava tirar a mão dela dentro da bolsa e por sobre o meu sexo; eu ainda estava vestido, estava com uma bermuda folgada...foi fácil deixar o falo a mostra.
"Menino" - tentou falar a moça enquanto me beijava; "estamos na rua" - mais uma mordida; "vai que alguém passa" - mordida no pescoço; "e vê?".
Nesse momento parei, olhei pra ela e sorri "sempre quis ser observado" - falei; ela também sorrio; me deu outro beijo de tirar a alma...uma loucura; ela estava de saia...muito curta... foi pro encontro já na intensão da transa, tenho certeza; tinha um jeitinho de santinha em público, mas aquele olhar dissimulado nunca me enganou, era a rainha do sexo...só isso que sabia fazer e parecia ser a melhor...do jeito que se esfregava em mim, parecia ser a melhor mesmo; de subto, ela virou de costa e começou a rebolar ainda mais...já tava perdendo os sentidos...não queria saber mais de nada...não estava me importando se alguém passasse naquela rua, mesmo assim, o risco era claro, estava doido...tinha que penetrar...agora...já...

"Vai Jorginho, bota com carinho, vai..."

Aquela frase me fez gelar...

Ela falou do mesmo jeito que Jackeline o fazia.

Me lembrei imediatamente da minha namorada, dos momentos felizes, das nossas brigas, do dia em que ela prometeu nunca mais me trair, do seu sorriso simples.
Essa seria a vingança perfeita...na frente da sua antiga casa, onde ainda viviam seus pais e sua irmã.
Sua irmã...que não dava a mínima pro sentimentos e pro amor fraterno.
Aliás, Sandra também queria vingança: durante toda sua vida Jackeline roubou seus amores, suas paquerinhas de colégio...a maioria dos homens que a interessava. Essa seria a grande cartada, o grande ato de uma irmã ressentida durante boa parte dos seus 18 anos.
Dois vingativos procurando justiça. Mas, desde quando vingança é justiça? apenas nas mentes mais doentias.

"Jorginho, vai...estou toda molhadinha..."

Achei tudo aquilo horrível, não tinha mais a intensão de machucar a Jack...
Empurrei Sandrinha e saí correndo...não sabia o que fazer, o que falar...só queria dizer a minha mulher que a amo...com todas as letras. Enquanto eu corria, tentava ajeitar a minha roupa, ainda estava excitado, mas minha mente, meu corpo e minha alma são de apenas uma mulher; estava correndo, mas não sabia pra onde ir...liguei na mesmo hora para o celular da Jack...queria dizer q a amo, contar tudo o que aconteceu e ela me perdoar...como um dia eu fiz com ela; não teriamos mais culpa...os dois erraram, houve o perdão mútuo...poderiamos viver sem fantasmas agora...

O celular estava ca caixa.

Instintivamnte, segui para o apartamento de Jack, ainda correndo. Sei que ela não estará lá, mais ficarei esperando...será uma surpresa; Meus Deus como eu a amo...no caminho da sua casa, passei por sua faculdade, sorridente, olhando no pátio pra ver se a encontrava. Não a procurarei...a alegria será maior em sua casa...quando nos encontrarmos.


Passando por uma das lanchonetes que rodeiam a faculdade, vi uma cena que me fez gelar: minha Jack aos beijos com um cara...

"Não é possível" - baixinho comigo mesmo.
"Jackeline...JACKELINE" - estava eu, aos berros.


"Jackeline..." - baixinho comigo mesmo. Ela já tinha olhado para trás. Falei baixinho sem acreditar no que estava vendo. Meu choro tabém foi baixo...apenas desceu uma lágrima.
Não conseguia raciocinar...todas as idéias estavam embaralhadas em minha cabeça...

Lembrei novamente da minha namorada, dos momentos felizes, das nossas brigas, do momento em que ela me prometeu que nunca mais me trairia, do seu sorriso simples.

Essa mulher nunca existiu...eu a criei.

"Não me toque" - falei baixinho. Estava com tanta raiva, que a própria raiva estava num grau elevado. Não...não sentia raiva. Sentia dor. Por isso que falei baixinho...cada vez que eu olhava pro seu rosto, doia mais...estava com o peso do mundo em minhas costas, não queria fazer mais nada. Finalmente, o tempo parou.

Lembrei finalmente da minha namorada, dos momentos felizes, das nossas brigas, do dia que ela me prometeu que nunca mais me trairia, do seu sorriso simples e disse adeus. Não...não cometi suicídio, mas uma parte de mim estará morta para sempre.


Jackeline, eu te amo.



Jorge, 23 anos.