terça-feira, setembro 26, 2006

Heterossexual metropolitano.

A partida de futebol tinha acabado.
Já tinha passado meia hora que estavam alí, sobre uma sombra na lateral do campo.
Falaram de suas jogadas espetaculares, dos gols perdidos, de como o goleiro era burro. Falaram até da Bia, a namorada do goleiro burro, que era mesmo um burro goleiro pois nunca percebeu o "mole" que ela dava pro Tcheco. Prontamente os outros dois afirmaram com a cabeça que ela dava mole para eles também - era mentira, claro. Mas nenhum deles queria ficar por baixo de Tcheco - com olhares provocantes e risinhos que surgiam do nada. O riso era um convite, mas ninguém teria coragem de trair a confiança do burro goleiro, que fora das quatro linhas do campo se chamava Bira.
Começaram, do nada, a falar do Beckham, das suas jogadas limitadas e do seu fraco futebol, que fazia forte contraponto ao seu sucesso no showbizz.
Era ele quem mandava no mundo dos jogadores de futebol. Era verdade que ganhava menos dinheiro que o Ronaldinho Gaucho, mas tinha mais estilo, classe na hora de tocar a bola, de fazer os lançamentos, de se vestir...
"Metrossexual...é assim que a galera chama ele"
"Veio, tu naum sabe...teve uma entrevista que ele disse que usava a calcinha da mulher"
"Ahhh...até vc, fio?"

O outro concordando com a discordância fez uma careta...também não acreditava na notícia.
"É man, foi o que li na revista, mas se é verdade..."

"Veio, o cara se arruma até pra entra em campo...cabelo com gel...viagem total..."
Os outros dois sorriram...pensaram, por alguns segundos como seriam eles, em um time profissional entrando todos com um estilo diferente...algo que chamasse atenção mas tivesse classe.

"É broder...de fud*r"

"Mudando a coversa de pau pra cacete, vocês viram as bermudas do Herchcovitch...muito bala"

"Pô...ele é o cara...faz cada coisa loka..."

É, o Herchcovith era um hit entre os três.
Tcheco gostava mais pela variação de cores das peças. Luiz curtia a forma inovadora do desenho das roupas. Chico usava porque era moda.


"Tcheco, essa sobrancelha tá igual a de tia, man."

Todos riram.

"Vai se lenhar, rapá! você tem inveja de mim"

Mais risos.

Essa brincadeira era costumeira entre os três. Qualquer defeito facilmente perceptível no visual de um deles era apontado e achincalhado pelo outro. Uma brincadeira que nas entrelinhas era uma forma de mante-los na linha quanto a forma que estão se vestindo e regularizar suas atitudes.

"Veio, tu não sabe..."
"Lá vem ele com estórias de novo"
"Ki nada. Se liga, eu tava lendo numa revista que te um salão em Sampa que tira a barba com cera quente...que viagem"
"Chico, para que tá feio...tu não cansa de mentir não?" - Tcheco fala com sorriso nos lábios.
"Não man, isso é verdade...aliás, dessa vez é verdade" - Disse Luiz também sorrindo.
"Eu também li algo sobre isso" - reiterou Luiz.
"Cera quente? deve doer muito" - Tcheco fala com uma voz baixa alisando o seu rosto totalmente liso.

"Falando em cosmético..." - Tcheco
"Ui...que palavra bonita...ensina a eu a falar assim, tio?" - Fala Chico aos risos.
"Lançaram um creme masculino, pra pele, que hidrata e possui feromônio" - Tcheco
"Man, prefiro o creme que tem lá em casa mesmo. E quanto ao feromônio, não preciso ajuda de um cremezinho não. Eu me garanto" - Chico



Nesse mesmo momento vinha de longe Augusto. Um colega deles, que pegaria carona com Tcheco. Iriam todos no mesmo carro voltar pra casa. Iriam amargurando a derrota, os gols perdidos, a inabilidade com Bia. Mas, no fundo, eles nem ligavam. Só queriam estar juntos mesmo.


"E aí, meninas? falando de qual marca de creme hoje?" - Augusto
"Mané creme, fio...a gente tava falando da gostosa da Bia...Jesus" - Chico


"Ei, não toca" - Tcheco fala pra Augusto.

"Não se pode tocar no cabelo de vocês três..." - Augusto

"É, no meu cabelo e nem na minha irmã" - Luiz
"Broder, pelo amor de Deus, não me diz que a ordem é essa mesmo...tipo, sua irmã eu já peguei" - Chico

Agora Gargalhada geral.


"vumbora galera...entrem logo no carro..." - Tcheco



E se vão os três amigos de volta para suas casas.





Observador, atemporal.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Cansei de ser eu

Assisti Missão Impossível 3.
Grande filme.
Ele prendeu minha atenção de uma forma grandiosa. Tinha horas que minha respiração acompanhava a trilha sonora, a velocidade da cena, a variação dos cenários. Houve momentos que me senti dentro de tudo aquilo.
De fato, foi um dos melhores trillers de ação que já assisti e não digo isso pela produção bem feita, pela atuação concentrada e perfeccionista do Cruise ou participação brilhante do vilão, que o cinismo impressionava, me fazendo lembrar dos políticos da minha terra. Obedeço apenas meu medidor oficial de qualidade cinematográfica: o impácto que o filme causa em mim.
Parece simples, mas não é.
São poucos os longas que me emocionam. Na maioria das vezes, sou um espectador indiferente e atento a qualquer detalhe ou possível erro que o diretor deixou escapar. Mas, MI3...me envolveu.
Uma grande verdade assumo agora: poucos me envolvem.
O ultimo que tenho lembrança foi Old Boy. Genial. Não pelo seu roteiro ( que é muito bom, por sinal) mas, pela capacidade do diretor (Park Chanwook) retratar da forma mais visceral possível alguns momentos. Tudo aquilo parece que vai explodir de tão intenso e você tem a perfeita impressão de que é real. É carne viva aquele filme. Me tocou profundamente.
Depois que acabou, fiquei uns 10 segundos paralisado...ainda assimilando a overdose de sentimentos que tinha presenciado...sim...presenciado; não era mais passivo a tudo aquilo. Tinha me envolvido. E isso, poucos filmes me proporcionam.
Posso citar também Jogos Mortais.
Nesse caso, o brilho fica para o roteiro, no qual me conquistou aos poucos.
Fiquei tão envolvido que tive raiva do vilão. Imagina...raiva de um personagem.
Outra produção que me impressionou foi Colateral. Um debate sobre o existencialismo humano travado entre um assassino e um taxista, tendo como pano de fundo assassinatos em série. A todo momento, o filme põe em cheque a importância da vida humana, quanto ela vale de fato e se nós a valorizamos realmente como deveriamos (ou se apenas dizemos poética/demagogicamente como é linda e maravilhosa a vida e sua continuidade, sendo sempre contra a mortandade nas guerras ou chacinas; discurso que mascara a nossa indiferença e inercia para combater essas ações abomináveis).
Mais uma vez, o Tom Cruise tava na área. E o carinha não estava sozinho. Tinha ao seu lado Jamie Foxx, outro grande ator.
Para filmes assim, dou o braço a torcer.
De um jeito que não notamos, nos faz embarcar no mundo de fantasia.
Isso é mágico.
Acabamos esquecendo os problemas.

Nos faz imaginar como seria diferente a nossa vida se...
se...
se fossemos mais corajosos, vivos, equilibrados, desequilibrados, leves, irritantes...

Esse "se" é que me mata...

Esse "se", na verdade, são milhares de novas possibilidades que surgem de mudar meu destino a cada vez que assisto um novo filme.





Roberval, 19 anos

quarta-feira, setembro 06, 2006

Mascaras

Sensualidade
É a única palavra que define essa mulher. Seus gestos, o olhar...um conjunto de sinais que nem parecem inatos de tão perfeitos.
O que mais impressiona é a sua voz...parece mais um gemido. Não é possível que essa mulher exista. Mas, ela está aqui, na minha frente, falando sobre...sobre...nem me lembro. Eu só concordava. Emitia um ruido que parecia um "uhum" a cada vez que ela terminava uma frase.
Esforço sobrenatural eu fazia para não ficar encarando seus seios...os mais lindos que eu tinha visto.
"Eu falo demais, né?"
Quase escapa um "uhum"... meu anjo da guarda me salvou dessa.
Ela nem falava muito. Eu que estava meio desinteressado na conversa. Não que ela fosse chata mas, enquanto ela falava baixinho comigo, seu corpo gritava.
"Não."
"Então me diz, o que você acha?"
Meu Deus...achar o que? não sabia do que ela falava, como vou emitir uma opinião? Se eu pedir pra repetir, a garota vai se achar realmente chata, se eu responder qualquer coisa, sairei como um burro. Lenhou tudo...
"Concordo com você. Ronaldinho Gaucho não joga nada na seleção"
Ela riu. Socou de leve o meu ombro e me chamou de palhaço. Como recompensa da minha boa ação, ela sorriu. Jesus...eu já achava sua boca espetacular, imagina o sorriso...
"Agora eu caso" - pensei.
"Com Ronaldinho Gaucho?" - respondeu de "bate-pronto".
Ela já estava as gargalhdas com o trocadilho que fizera e eu no sorriso amarelo. Mais uma vez pensei em voz alta e mais uma vez estava sem graça. Me esforcei pra não demonstrar. Então dei uma caprichada na riso amarelo.
"Não precisa forçar a risada não. Sei que sou meio sem graça..." - a menina retruca.
O moça difícil...não dava preu fazer tipinho. Ela sacava logo.
Não te contei, leitor, mas antes da minha fase "uhum", a todo custo, tentava parecer inteligente e com um ar meio desinteressado (quando a mulher é muito bonita, é melhor ficar neutro e jogar o charme bem devagar...bem de leve; se "chegar, chegando" não leva nada, se parecer "apaixonadão" seria mais um na fila. Então optei pelo personagem "inteligente desinteressado").
Depois da minha infeliz risada forçada, se estabeleu um silêncio. Ela tinha desistido de puxar conversa e eu não sabia mais que postura assumir.
"Quer saber? vou ser eu mesmo...pelo menos ela vai dar uns sorrisos e me apresentar pra umas amigas gostosas..." - Pensei comigo.
"O que?" - A moça pergunta. Eitcha...agora lenhou tudo...a moça ouvio a frase...falei em voz alta de novo...não tem piadinha de Ronaldinho Gaucho que dê jeito.
Na hora fiquei branco, azul, amarelo, transparente...todo sem graça.
"Fala logo. Repete..." - No momento que fui tentar explicar, a garota interrompe - "Diz logo...você perguntou pra mim "quer saber". Eu quero saber. É o que?

Jesus...ela só ouviu parte da frase...ou pelo menos eu só falei parte da frase em voz alta. Estava salvo...meu anjo da guarda mais uma vez não me deixou na mão. Vou fazer um pratinho de macumba pra ele...não, não...macumba é pra santo de terreiro...vou acender uma velinha pro meu anjo...o coitado deve tá cansado agora.



"Sorria de novo"
"O que?"
"Isso mesmo que você ouviu...sorria de novo"
Ela ficou sem jeito com a frase. A mulher mais confiante do mundo, a mais inteligente, a mais linda, a mais metida, ficou corada com um pedido. Ela acabou sorrindo de tão sem graça que estava. "Obrigado por ter me mostrado as estrelas" - falei pausadamente e olhando em seus olhos.
Agora, ela sorriu de verdade. De felicidade.
Já não estava mais tão interessado em seu corpo. Me deu uma vontade tão grande de beijar a menina tímida que surgiu dentro daquela mulher. O emocional superou o carnal mais uma vez.
A conversa fluiu novamente. Eu não fiz mais nenhum tipo. Ela se desarmou completamente (é...durante a conversa, ela tava dando uma de "gostosona"...também tinha criado a sua máscara) e começou a contar sobre seus medos, curiosidades, sonhos, desejos...tudo. Acabei tendo uma noite muito feliz. Acabei também acordando com o raiar daquele, que era um dos mais lindos sorrisos.


Aurélio, 22 anos.

domingo, agosto 27, 2006

Mais uma canção

"Nada vai mudar entre nós..."
Foi o que falei baixinho depois do primeiro beijo.
Natural, estranho e delicado. Sabe aquele beijo que surge do nada...assim...do nada mesmo? Exatamente isso que aconteceu. Ela não sabia o que fazer...não sabia se sorria, se ficava séria, se reprovaria a ação, se exultaria de alegria, não sabia. Como sei disso? reparei no modo que a coitadinha tava se comportando...totalmente perdida...chama cachorro de passarinho, passarinho de cachorro; apontava pra arvore que estava na nossa frente quando falava do por do sol, uma loucura...
"Como você sabe?"
"Como eu sei oq?"
"Que nada vai mudar?"
Respirei fundo. Verdadeiramente não sabia."Como eu sei? Eu só sei". Depois de ouvir a minha resposta, que na verdade era uma pergunta, ela deu aquele sorriso lindo, o sorriso que era só dela. Eu sentia uma paz quando via aquele sorriso...não sei explicar, mas sentia.
"Tudo vai permanecer igual, afinal, não há nada a fazer" reiterou ela.
Não sei porque, mas aquela frase veio no meu peito como uma flechada. Me incomodou de uma forma que não esperava. A idéia de transformar o beijo num acidente foi minha...fui eu quem começou dizendo que nada vai mudar, mas não dá pra ficar calado a vida inteira. Não vou fingir e sorrir mais uma vez. Esse é o momento, essa é a hora!
"Eu não nego, eu me entrego, você é meu grande amor, e hoje eu vou te dizer 'eu te amo' " - A moça ficou pasma. Não acreditava no que estava ouvindo. "Eu te imploro, eu te adoro, você tem meu coração a bater por você mais uma canção". Ela riu. Pelo amor de Deus, de onde saiu esse canção? tá maluco, porra?
Pelo menos, ela riu...na verdade ela gargalhou. Na certa foi um jeito que ela achou pra cortar o clima de novela mexicana que eu tinha instaurado. Aos poucos sua gargalhada se tornou uma risada, da risada foi para um sorriso e do sorriso sobrou apenas uma cara séria que olhava para mim com insistência. Na verdade nós não sabiamos o que dizer.Sabiamos sim, mas a realidade dos fatos deixaria uma ferida tão grande na nossa relação de amizade que preferimos ficar calados. E assim ficamos. Uns 15 minutos talvez, um olhando para o outro. Caras fechadas. Uma tensão só comparada com a dos filmes de velho oeste americano. Um esperando o outro sacar as palavras, o tiro certo. Mas, a munição não vinha. A frase perfeita, aquela que toda mulher tem...a frase elegante que elas usam para dizer que não somos interessantes, mas sem machucar o outro...essa não vinha.
A garota puxa o ar pra falar...ela vai falar, tenho certeza...mas, antes me veio pensamentos "de antes". De quando nos conhecemos. De como nos tornamos amigos. Ela era apaixonada por mim...todos falavam isso. Sua mãe me vinha com indiretas (aquela sutileza que toda mãe tem) muito fortes...sempre me pedia preu chama-la de sogra, dizia que sua filha vivia falando de mim. E as suas amigas? sempre diziam que eramos o casal perfeito, sempre me perguntando por que eu ainda não tinha ficado com Michelle. Eu sempre respondendo "porque ela é minha amiga". Até no baile de formatura, quando ela estava linda, no momento que dançamos a valsa, a garota me olhou nos olhos e tentou me beijar, mas esquivei...
Meu Deus, como pode alguém perder você como eu fiz, como eu quis não te ter? Desde aquele dia do baile vivo iludido a acreditar que o amor não se pôs em você...uma esperança que carrego até hoje, até este momento. Até agora. Ela vai falar, ela vai...
"Mas, me entrego. Eu não nego, eu errei, mas..."
Antes que ela falasse eu a interrompi e antes que eu terminasse, ela me interrompeu "Sou capaz de fazer sua vida mudar." Como assim a minha vida mudar? não entendi o que ela quis dizer com isso, com a cara séria ainda, a moça me olhava.
É...agora estava tudo perdido. Só me resta admitir a mim mesmo que estou apaixonado por ela. "Tô voltando não sei quando pra roubar teu coração" Falei baixinho. "O que você falou?" ela perguntou pra mim. Tava tudo perdido mesmo..."vamo avacalhar"...
"Eu disse tô voltando não sei quando pra roubar seu coração." Pronto. Consegui. Admiti pra mim mesmo que eu a amo.
"Você é um mentiroso. Aliás, você é burro e mentiroso." Essa eu não esperava...ofensas? me retei. Só poque eu tô afim dela, a moça vem logo "montando"?
"Burro. Burro mesmo...vc acha que vou cair nesse seu papinho de 'corno arrependido'?Mentiroso. Da primeira vez você falou 'teu coração' e não 'seu coração'. E, já que você não tem coragem, quem vai falar sou eu..."


...


Beijo...ela me deu outro beijo. Depois me sorrio e olhou dentro dos meus olhos. Tenho certeza que ela quis dizer que sempre me amou, nunca deixou de me amar. Outro beijo...outro...esse ultimo foi bem longo...em um lance repentino, ela se distanciou, olhou pra mim mais uma vez "Como você diz mesmo...é...canção...vou chegar no final de mais uma canção." Toda palhaça...

Nós rimos com vontade, como a muito tempo não ríamos. Olhamos para o céu que agora já estava estrelado e desejamos felicidades um ao outro. Ela olhou novamente em meus olhos, pegou a minha mão "Nada vai mudar entre nós, sempre nos amamos e vamos continuar nos amando."
Ela estava certa. Nada vai mudar entre nós.


Fábio, 21 anos

segunda-feira, julho 31, 2006

Karma

É incrível como as pessoas mudam.
É incrível como um relacionamento muda.
Aquelas primeiras impressões, as primeiras frases, piadas, perfumes, todo aquele jogo de sedução...balela. Isso tudo tem serventia apenas, para depois de um bom tempo, você se lembrar e rir da própria felicidade passageira (ou da infelicidade atual...simplesmente eu não sei o que é pior).
As nossas relações começam tão mágicas...a minha relação começou tão mágica. Claro...eu, o tolo sonhador comecei a desenhar para mim uma mulher que não existia. Que não tinha defeitos. Que não tinha nada que pudesse me desagradar...nunca. Por isso que os relacionamentos acabam. Eles nascem no universo da fantasia, no solo das núvens. Deveriam ser paridos no chão da realidade.
Na próxima relação, vou propor a minha companheira que, ao invés dos olhares melosos e admiração das impares qualidades, ouvesse uma declaração dos nossos piores defeitos. Isso é pouco romântico? pode até ser. Mas, pelo menos, saberei onde estou me metendo.
Será que todas as mulheres são umas vagabundas? todas são volúveis? todas gostam do som da buzina de carro ou do cheiro da gasolina? todas? todas?! todas!


Realmente não acredito nisso. São desculpas machistas para os que são fracos na arte da sedução. Quem não gosta de um pouco de luxo?
Mesmo assim isso não redime uma traição. Não redime mesmo...
A traição acaba com tudo. Acaba com a confiança, com a sinceridade do casal, com a felicidade...
Felicidade essa construida ao longo de 6 meses.
Como uma pessoa troca um passado por apenas uma noite?

Responde! Você me responde?

Vagabunda...todas são...você é...

Me responde...

Vai ficar calada aí? - Dispara a frase depois do seu emocionado discurso.


Aos soluços e lágrimas, eu só conseguia olhar para o chão.
Não me arrependo de ter ido a festa na sexta passada, de ter ficado com outra pessoa e de contar a traição a ele. Não me arrepende mesmo. É uma característica minha ficar com várias pessoas. Nunca namorei sério na vida. Não seria agora que o faria. Por mais que gostasse do Jorge, quem veio com esse papo de compromisso foi ele. Fiquei porque tudo era maravilhoso...mas, em momento algum prometi fidelidade. Contei dessa vez, pra ver se o cara cai na real. Não sou a bonequinha que ele pensa que sou.
O problema: ele é um cara legal. Traia os outros porque eram cafagestes e mentiam dizendo que me amavam. Mas, ele é diferente. Realmente se importa comigo...
Por isso choro. Ele achou que eu era o amor de sua vida...que eu era especial, que era única.
A forma que nos conhecemos, no ônibus, foi realmente mágico...o coitadinho não sabia pra onde olhar...era tão engraçadinho...

Mas, não tem jeito. Tive que acabar da pior maneira possível para ele não tentar voltar. Tive que terminar da mesma forma que um dia fui rejeitada.
Será o Karma? não. É apenas o mal de ser romântico.


Jackeline - Ex do Jorge, 19 anos