"Nada vai mudar entre nós..."
Foi o que falei baixinho depois do primeiro beijo.
Natural, estranho e delicado. Sabe aquele beijo que surge do nada...assim...do nada mesmo? Exatamente isso que aconteceu. Ela não sabia o que fazer...não sabia se sorria, se ficava séria, se reprovaria a ação, se exultaria de alegria, não sabia. Como sei disso? reparei no modo que a coitadinha tava se comportando...totalmente perdida...chama cachorro de passarinho, passarinho de cachorro; apontava pra arvore que estava na nossa frente quando falava do por do sol, uma loucura...
"Como você sabe?"
"Como eu sei oq?"
"Que nada vai mudar?"
Respirei fundo. Verdadeiramente não sabia."Como eu sei? Eu só sei". Depois de ouvir a minha resposta, que na verdade era uma pergunta, ela deu aquele sorriso lindo, o sorriso que era só dela. Eu sentia uma paz quando via aquele sorriso...não sei explicar, mas sentia.
"Tudo vai permanecer igual, afinal, não há nada a fazer" reiterou ela.
Não sei porque, mas aquela frase veio no meu peito como uma flechada. Me incomodou de uma forma que não esperava. A idéia de transformar o beijo num acidente foi minha...fui eu quem começou dizendo que nada vai mudar, mas não dá pra ficar calado a vida inteira. Não vou fingir e sorrir mais uma vez. Esse é o momento, essa é a hora!
"Eu não nego, eu me entrego, você é meu grande amor, e hoje eu vou te dizer 'eu te amo' " - A moça ficou pasma. Não acreditava no que estava ouvindo. "Eu te imploro, eu te adoro, você tem meu coração a bater por você mais uma canção". Ela riu. Pelo amor de Deus, de onde saiu esse canção? tá maluco, porra?
Pelo menos, ela riu...na verdade ela gargalhou. Na certa foi um jeito que ela achou pra cortar o clima de novela mexicana que eu tinha instaurado. Aos poucos sua gargalhada se tornou uma risada, da risada foi para um sorriso e do sorriso sobrou apenas uma cara séria que olhava para mim com insistência. Na verdade nós não sabiamos o que dizer.Sabiamos sim, mas a realidade dos fatos deixaria uma ferida tão grande na nossa relação de amizade que preferimos ficar calados. E assim ficamos. Uns 15 minutos talvez, um olhando para o outro. Caras fechadas. Uma tensão só comparada com a dos filmes de velho oeste americano. Um esperando o outro sacar as palavras, o tiro certo. Mas, a munição não vinha. A frase perfeita, aquela que toda mulher tem...a frase elegante que elas usam para dizer que não somos interessantes, mas sem machucar o outro...essa não vinha.
A garota puxa o ar pra falar...ela vai falar, tenho certeza...mas, antes me veio pensamentos "de antes". De quando nos conhecemos. De como nos tornamos amigos. Ela era apaixonada por mim...todos falavam isso. Sua mãe me vinha com indiretas (aquela sutileza que toda mãe tem) muito fortes...sempre me pedia preu chama-la de sogra, dizia que sua filha vivia falando de mim. E as suas amigas? sempre diziam que eramos o casal perfeito, sempre me perguntando por que eu ainda não tinha ficado com Michelle. Eu sempre respondendo "porque ela é minha amiga". Até no baile de formatura, quando ela estava linda, no momento que dançamos a valsa, a garota me olhou nos olhos e tentou me beijar, mas esquivei...
Meu Deus, como pode alguém perder você como eu fiz, como eu quis não te ter? Desde aquele dia do baile vivo iludido a acreditar que o amor não se pôs em você...uma esperança que carrego até hoje, até este momento. Até agora. Ela vai falar, ela vai...
"Mas, me entrego. Eu não nego, eu errei, mas..."
Antes que ela falasse eu a interrompi e antes que eu terminasse, ela me interrompeu "Sou capaz de fazer sua vida mudar." Como assim a minha vida mudar? não entendi o que ela quis dizer com isso, com a cara séria ainda, a moça me olhava.
É...agora estava tudo perdido. Só me resta admitir a mim mesmo que estou apaixonado por ela. "Tô voltando não sei quando pra roubar teu coração" Falei baixinho. "O que você falou?" ela perguntou pra mim. Tava tudo perdido mesmo..."vamo avacalhar"...
"Eu disse tô voltando não sei quando pra roubar seu coração." Pronto. Consegui. Admiti pra mim mesmo que eu a amo.
"Você é um mentiroso. Aliás, você é burro e mentiroso." Essa eu não esperava...ofensas? me retei. Só poque eu tô afim dela, a moça vem logo "montando"?
"Burro. Burro mesmo...vc acha que vou cair nesse seu papinho de 'corno arrependido'?Mentiroso. Da primeira vez você falou 'teu coração' e não 'seu coração'. E, já que você não tem coragem, quem vai falar sou eu..."
...
Beijo...ela me deu outro beijo. Depois me sorrio e olhou dentro dos meus olhos. Tenho certeza que ela quis dizer que sempre me amou, nunca deixou de me amar. Outro beijo...outro...esse ultimo foi bem longo...em um lance repentino, ela se distanciou, olhou pra mim mais uma vez "Como você diz mesmo...é...canção...vou chegar no final de mais uma canção." Toda palhaça...
Nós rimos com vontade, como a muito tempo não ríamos. Olhamos para o céu que agora já estava estrelado e desejamos felicidades um ao outro. Ela olhou novamente em meus olhos, pegou a minha mão "Nada vai mudar entre nós, sempre nos amamos e vamos continuar nos amando."
Ela estava certa. Nada vai mudar entre nós.
Fábio, 21 anos
domingo, agosto 27, 2006
Mais uma canção
segunda-feira, julho 31, 2006
Karma
É incrível como as pessoas mudam.
É incrível como um relacionamento muda.
Aquelas primeiras impressões, as primeiras frases, piadas, perfumes, todo aquele jogo de sedução...balela. Isso tudo tem serventia apenas, para depois de um bom tempo, você se lembrar e rir da própria felicidade passageira (ou da infelicidade atual...simplesmente eu não sei o que é pior).
As nossas relações começam tão mágicas...a minha relação começou tão mágica. Claro...eu, o tolo sonhador comecei a desenhar para mim uma mulher que não existia. Que não tinha defeitos. Que não tinha nada que pudesse me desagradar...nunca. Por isso que os relacionamentos acabam. Eles nascem no universo da fantasia, no solo das núvens. Deveriam ser paridos no chão da realidade.
Na próxima relação, vou propor a minha companheira que, ao invés dos olhares melosos e admiração das impares qualidades, ouvesse uma declaração dos nossos piores defeitos. Isso é pouco romântico? pode até ser. Mas, pelo menos, saberei onde estou me metendo.
Será que todas as mulheres são umas vagabundas? todas são volúveis? todas gostam do som da buzina de carro ou do cheiro da gasolina? todas? todas?! todas!
Realmente não acredito nisso. São desculpas machistas para os que são fracos na arte da sedução. Quem não gosta de um pouco de luxo?
Mesmo assim isso não redime uma traição. Não redime mesmo...
A traição acaba com tudo. Acaba com a confiança, com a sinceridade do casal, com a felicidade...
Felicidade essa construida ao longo de 6 meses.
Como uma pessoa troca um passado por apenas uma noite?
Responde! Você me responde?
Vagabunda...todas são...você é...
Me responde...
Vai ficar calada aí? - Dispara a frase depois do seu emocionado discurso.
Aos soluços e lágrimas, eu só conseguia olhar para o chão.
Não me arrependo de ter ido a festa na sexta passada, de ter ficado com outra pessoa e de contar a traição a ele. Não me arrepende mesmo. É uma característica minha ficar com várias pessoas. Nunca namorei sério na vida. Não seria agora que o faria. Por mais que gostasse do Jorge, quem veio com esse papo de compromisso foi ele. Fiquei porque tudo era maravilhoso...mas, em momento algum prometi fidelidade. Contei dessa vez, pra ver se o cara cai na real. Não sou a bonequinha que ele pensa que sou.
O problema: ele é um cara legal. Traia os outros porque eram cafagestes e mentiam dizendo que me amavam. Mas, ele é diferente. Realmente se importa comigo...
Por isso choro. Ele achou que eu era o amor de sua vida...que eu era especial, que era única.
A forma que nos conhecemos, no ônibus, foi realmente mágico...o coitadinho não sabia pra onde olhar...era tão engraçadinho...
Mas, não tem jeito. Tive que acabar da pior maneira possível para ele não tentar voltar. Tive que terminar da mesma forma que um dia fui rejeitada.
Será o Karma? não. É apenas o mal de ser romântico.
Jackeline - Ex do Jorge, 19 anos
segunda-feira, julho 24, 2006
Para eu ser um pouco mais feliz.
Eu estava assistindo Alfie – O Sedutor e percebi como seria interessante aquela vida de conquistador inveterado. Jovem, não tão pobre e nem tão rico, muitas mulheres a disposição, muito da vida para gozar.
Pensei momentaneamente, eu me encaixando naquele esteriotipo mostrado na tela. Teria que trocar a cor do meu cabelo para loiro (claro, os ícones de beleza atualmente são loiros), criar um olhar sedutor ( seria minha arma secreta), adicionar a minha personalidade um ar dispojado/chique, ser cool e ter uma boa conversa.
Pronto. Pontos fáceis de serem adquiridos e somados a minha nova imagem. Se não posso ser o Alfie, poderia ser o genérico dele, com mais charme e um pouco mais de originalidade (como pode ser um genérico original?).
Mas, ao passar do filme, foi me preocupando todos aqueles problemas que o pobre personagem sofria. Aos poucos ele ia percebendo que a melhor opição para a sua vida era encontra o seu amor, a pessoa certa e não cair no hedonismo desenfreado.
Aquilo me deixou triste. Tinha arranjado para mim um novo heroi, que em menos de 40 minutos, toda sua aura magnífica tinha dissolvido. Suas piadas não funcionavam mais. Até uma doença venéria o tal do Alfie tinha contraido. Aff...mas, que decepção. Não se criam heróis como antigamente ou, na verdade, ele nunca foi um heroi. Meus olhos ligeiros não perderam a oportunidade de considerar o personagem como o salvador dos meus problemas.
O mais estranho de tudo foi que depois de um tempo, minha tristeza deu lugar a um contentamento sem tamanho: notei que ser um "Dom Juan" volúvel, destruidor de coração e invencível nas conquistas só nos leva à solidão. Ninguém quer ficar sozinho. Muito menos eu.
Então a mensagem do filme é essa: seja você.
Obrigado Alfie, vc me mostrou que posso ser muito mais feliz sendo eu mesmo. Sendo o sonhador de sempre, sendo o cara fiel e atencioso que achou dentre as milheres de pessoas a mulher certa e, sem medo de errar, escolherei ela como minha futura esposa.
Mas, esperem aí...quem garante que um conquistador acaba sozinho no final e eu, um cara normal, de poucas palavras, serei mais feliz levando a minha vidinha da forma conservadora?
Obrigado mais uma vez, Alfie, por ter me feito acreditar, mesmo sabendo da mentira, que a vida dos jovens, não tão pobre e nem tão rico, que tem muitas mulheres a disposição acaba em reflexões sobre o seu modo inconsequente de vida e na pior e mais sombria solidão.
Tudo isso é até engraçado.
Um filme feito para eu me sentir um pouco menos infeliz.
Roberval, 19 anos
quarta-feira, junho 28, 2006
A ultima carta
Me desculpem.
Eu não queria demorar tanto a escrever.
Sei que isso tudo é entretenimento e não declarações pessoais mascaradas em personagens fictícios, onde cada um determina uma faceta da minha personalidade.
Não, posso deixar vocês na mão, posso?
Então vamos ao show.
Vamos ao prazer das declarações delirantes, aos choros soluçantes, aos arquétipos de amor perfeito que estão guardados em nosso subconsciente. Vamos relembrar todos os nossos sonhos perdidos e desejos não realizados. Olhares não trocados, declarações não feitas. Tudo de mais maravilhoso que guardamos para aquela pessoa em especial e não compartilhamos.Tudo de bom que se transformou em dor.
Alguns dizem que as decepções ao longo de nossas vidas são benéficas, pois só assim criamos experiência. Então que eu seja inexperiente por toda a minha vida.
Cansei de chorar, canse de sorrir aquele sorriso falso, amarelo; o sorriso "cordial", expressando a alegria que não tenho. Cansei de tudo.
Só não cansei de você.
Por isso, te escrevo agora...
Sei que essa minha ultima carta será mais uma dentre dezenas que você mantém guardada em seu quarto dos seus admiradores, dos teus seguidores, dos indefesos que não tiveram tempo de esquivar do seu arrebatador olhar, dos homens que, igual a mim, só escrevem porque cansaram de olhar pra ti e não falaram nada...
Já cansei de te desejar. Aliás, não quero mais ter você. Quero apenas que encarem a carta com respeito. Lembrem que são apenas declarações de um homem que pela primeira vez se viu apaixonado, desesperado e mandou uma mensagem, porque não tinha coragem de te olhar nos olhos e dizer que te ama.
Ps.: Em alguns momentos, a carta está no plural. A explicação é bem simples: tenho certeza que futuramente você a mostrará para suas amigas. Será o seu trofeu, uma prova ridícula para a sua auto-afirmação, um momento mínimo que servira para sentir-se feliz; mais uma cabeça de um homem abatido.
Leonardo, 26 anos
segunda-feira, maio 29, 2006
Penultimo romântico
As vezes, me pergunto, por que nasci assim.
Não há uma explicação exata do que eu sou.
Sensível demais, indeciso demais, desajeitado demais...tudo demais.
"As coisas sempre vão melhorar ou dar certo no final"; "Todas as pessoas tem um lado bom";
"Se nos esforçarmos, faremos o mundo melhor". Verdades que eu acredito fervorosamente, ou pelo menos acreditava.
Cansei de me apaixonar sempre pela pessoa errada. Não só a paixão carnal, a sexual, mas o simples deslumbre, o feitiço, o amor...
Cansei.
Não quero mais pensar em vc. Não vou mais pensar em você. Mas, eu sinto tanto a sua falta...
Suas palavras rudes, suas brincadeiras inapropriadas, o seu humor sarcastico, o modo que me desaprova, a simplicidade que sorri...
Sinto sua falta.
Texto piegas. De um chorão que não sabe aceitar a derrota. Derrota... derrota? cheguei a lutar por você? não. Em nenhum momento fiz o mínimo para te merecer, não provei ser digno do teu amor...
Texto muito piegas. Essa ultima frase pareceu vinda de alguma bolero antigo.
Mas, o amor, em sua essência é brega. Ele não está sobre um salto alto vestindo Armani, está de chinelos mendigando reciprocidade.
Chega!!! não acredito mais em nada disso. Sou o penultimo romantico. O ultimo sou eu, o verdadeiro eu, que espera a mulher verdadeira, a única mulher verdadeira, que, em um momento, pensei ser você.
Esse meu "eu" profundo e quase inatingível, é meio burro, puro e simples.
Infelizmente, ele nunca deixará de ser romântico.
Meu nome é Frederico, tenho 24 anos.